sexta-feira, 16 de abril de 2010

Se a vida te dá restos, faça risoto!

Não que risoto seja "a" receita para desovar restos, mas é que nele os restos costumam se sentir muito bem! Claro que risoto é um prato e tanto, que merece os melhores ingredientes, que requer um pouquinho de treino, que exige atenção e que é querido por todos nós, mas com bom senso e pouca coisa na mão dá para obter ótimos resultados. Ok, ok, retiro o "ótimos". Vamos dizer... "resultados reconfortantes em face ao que a geladeira nos oferta num dia fraco". Vejam só a minha situação:

- restos mortais de um frango assado do Verdemar;
- um par de limões comemorando uma semana lá em casa;
- a manteiga nossa de cada dia;
- a cebola obrigatória (momento Larica Total);
- o arroz arbóreo que que restou daquele último jantar;
- o pedaço de parmesão que sobrou da mesma ocasião;
- o bom e velho vinho-branco-de-cozinhar;
- sal e pimenta-do-reino (vai falar que não tem?);
- água, destroços de um ovo de páscoa e demais itens que não me ajudariam em nada no momento

Primeira providência: checar o estado do frango. Estava ótimo! Aliás, como é gostoso e como resiste bem na geladeira esse frango do Verdemar. Impressionante. Da última vez que o comprei já havia notado como se mantinha em perfeitas condições por dias e dias. Vou comendo os restos pouco a pouco, guardando ossos e afins (na maior higiene, hein?!) e, ao final, faço um belo caldo para risoto. Aproveito tudo. Osso por osso.

Bom, aí é só arregaçar as mangas. Pus água para ferver e a usei pura para cozinhar o arroz na maior cara de pau, confesso. Não sobrou caldo congelado da última vez e estava sem tempo. Também não queria usar cubinhos. Além do mais, confiei na potência do limão na hora de finalizar. No final das contas, deu certo. Aposto que muitos não suspeitariam que usei água pura. Mas é óbvio que usar um bom caldo (ele é a alma do risoto) faz toda a diferença. Só que, na ocasião, não deu para fazer assim. Acontece.

Então, piquemos a cebola! E bem miúdo. Panela no fogo, uma colherada de manteiga. Derreteu, coloque a cebola. Alguns instantes depois, o arroz arbóreo. Mexa bem por um minuto. Coloque um pouco de vinho no olhômetro e deixe o álcool evaporar. Feito isso, adicione a água fervente aos poucos, à medida que o arroz for secando, mas sem deixar secar demais. Vá mexendo sem parar, sempre em fogo alto, até os grãos ficarem al dente. Nesse meio tempo, acerte o sal (cuidado, pois ainda serão acrescentados alguns ingredientes salgados e/ou de sabor forte). Ah, resolvi por minha conta e risco acrescentar na hora um copo de leite para conferir mais corpo a esse "aguado" risoto. Quando o arroz tiver chegado no ponto de cozimento desejado, desligue o fogo e acrescente, imediatamente, a manteiga, o parmesão ralado e o suco de limão. Mexa com certo vigor para incorporar tudo. Enquanto preparei o risoto, cortei o peito de frango em pequenos bocados para comê-los no mesmo prato. E ficou tudo ótimo. Foi rápido e sujou quase nada.

Atenção: não sou chef! Tenha bom senso com as quantidades e se oriente por sua intuição. Para uma generosa porção individual, usei pouco mais de meia xícara de arroz arbóreo, meia xícara de parmesão ralado na hora, uma bela colherada de manteiga para finalizar e suco de meio limão. Com a outra metade, fiz uma limonada!

14 comentários:

  1. Sensacional!

    Já fiz muitos risotos, ops, muitos mexidos com bastante limão.

    ; )

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  2. Muito criativo!!! vou te seguir. conheça-nos! muito sucesso p/ ti!

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  3. Hahaha..sensacional! Só o risoto salva! Risoto é culinária guerrilha. Viva o Larica Total!

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  4. Concordo que os risotos são fins dignos para restinhos e afins. Se bem combinados entre sim, então, melhor ainda! Inclusive, torna-se um ótimo exercício para a criatividade culinária. Certa vez me surpreendi com um risoto das sobras que mendigavam atenção na geladeira: uma ponta de calabresa, um bife alto de contra filé, e duas metades de pimentões amarelo e vermelho, às vésperas de visitarem o lixo dos orgânicos. Pedacinhos iguaizinhos pra tudo, salsinha no final para dar um cheiro e... "hummm, esse risoto é aquele dos restinhos?" -exclamou o marido com a boca ainda cheia. Adoro!!

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  5. Pessoal,

    faltou incluir um detalhe: piquei um pedaço da pele do frango assado em micropedacinhos e refoguei junto com a cebola no ínício do processo. É uma tentativa de extrair mais um pouquinho de sabor do frango. Bom risoto a todos!

    Abraços.

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  6. Reciclagem na cozinha é o que há!
    Isso é consciência ecológica, eu acho... hehehehe

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  7. Prezado Eduardo,
    Foi uma boa pedida a la "homefood", hein?
    Mas é claro que você é chef - e dos bons.
    Não ostenta esse título porque não quer.
    Lembrou-me de gastropelícula recente.
    Comédia alemã chamada SOUL KITCHEN.
    Destaques para roteiro e trilha sonora.
    Assisti no BELAS, mas agora está saindo.
    Deve estar hoje no CINECLUBE SAVASSI.
    E nem sei se haverá cópia dele em DVD.
    Delicioso prová-lo, como a sua receita.
    Quem assistir vai entender o que digo.
    Grande abraço,
    MARCELO BRANDÃO

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  8. Adri,

    o engraçado é que consciência ecológica é algo novo e reaproveitamento na cozinha é uma necessidade de antigamente!

    Abraços.

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  9. Obrigado por mais essa dica, Marcelo. Ainda não vi o filme!

    Abraços.

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  10. Eduardo,
    De nada! Espero que consiga ver.
    Depois me conte o que achou, ok?
    Abraços,
    MARCELO BRANDÃO

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  11. ei, Eduardo, blz??
    Quando fizer novas experiências e precisar de "cobaias" para degustar... é só chamar.
    Abraços.
    Marco Antônio

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  12. Marco Antônio,

    pode deixar! Inclusive, as sobras do último frango assado foram reabilitadas em forma de caldo para risoto! Quatro litros!

    Combinamos!

    Abraços.

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