segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Barbada da semana

A desta semana são os vinhos do Verdemar. Não todos, é claro: me refiro aos da seção mais em conta, que, felizmente, não são poucos. São rótulos decentes de vários países abaixo de R$ 20. Não é todo comércio por aí que anda com tanta oferta assim desse jeito.

A ideia de ir num único lugar resolver as compras daquele jantar em casa e, de quebra, levar umas três garrafas de vinho por pouco mais de R$ 50 é muito atraente, concordam? Comodidade e economia rimando soam como música aos ouvidos. E ainda tem funcionário só para ajudar a escolher.

Na minha última visita - loja do Diamond - me animei tanto com a oferta que levei para casa quatro rótulos. Um espanhol, um português e dois chilenos. Todos me deixaram satisfeito. O mais caro custava R$ 20 e uns quebrados. O mais barato, uns R$ 15.

Porque a gente quer tomar vinho sempre que possível, mas não é toda hora que dá para ficar gastando R$ 40, R$ 50, R$ 60 numa garrafa...

sábado, 28 de novembro de 2009

O enchido português e seus usos

Só para constar: com o ímpar chouriço de porco preto de Barrancos, que trouxe de Portugal e comecei a comer ontem, fiz dois maravilhosos pratos! Eu sei que o produto por si só já é bom o bastante para ser comido sozinho, mas o risoto e o bacalhau que fiz com ele ficaram sensacionais!

Começo pelo risoto. Cortei em finas lâminas o chouriço e deixei que minassem a indescritível gordura em fogo bem baixo. Reservei as lâminas e dourei na gordura resultante a cebola picadinha. Fiz o risoto, então, da maneira tradicional. Do meio para fim, voltei com as rodelas para a panela e - a grande sacada - finalizei com os improváveis restos do pungente queijo São Jorge, que também trouxe de além mar. Melhor não poderia ter ficado.

Por fim, o bacalhau. Juninho, do Bar do Júnior, no Mercado Distrital do Cruzeiro, gentilmente me presenteou com uma bela peça do peixe, já temperado, guarnecido (cebola, pimentão, alcaparra e azeitona) e envolvido em papel alumínio. Pronto para ir para o forno. Ele me instruiu a levá-lo ao forno médio-alto por 40 minutos, virando na metade desse tempo.

Por minha conta, cerquei o envelope com batatas, cebolas e brócolis, temperei com sal e pimenta-do-reino e reguei com azeite. Na metade do cozimento, virei o bacalhau, remexi os ingredientes e adicionei grão-de-bico em conserva. Esqueci do alho! Fez falta, mas sua ausência não chegou a comprometer o resultado final, que achamos ótimo. O chouriço entrou em rodelas, que misturei no meu próprio prato: o potente casamento dele com o bacalhau muito me agradou.

Ficam aí duas dicas.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A onda vintage dos hambúrgueres



Ontem saiu no caderno Divirta-se matéria minha sobre a mais nova hamburgueria da cidade, a Burgueria Original (Avenida Fleming, 212, Ouro Preto; 31 3498-1188). Alguém já esteve lá?

Tanto na matéria como na minha coluna na rádio Guarani, comentei sobre certa tendência seguida por grande número de casas especializadas em hambúrguer no país: a aposta no ambiente retrô, no clima anos 1950. Já repararam? O Eddie Fine Burgers é assim e há uma outra casa (que não conheço ainda) na Sagrada Família que me parece usar a mesma estratégia, pois se chama Anos 50 Sanduíches. Me corrijam se eu estiver errado.

Existe mais alguma nesse estilo aqui na cidade? Em São Paulo sei que são várias. Será que teremos uma nova onda gastronômica, mais ou menos como aconteceu com os temakis? Se as próximas hamburguerias retrô vierem cada uma com seu hambúrguer de produção própria, caso do Eddie e da Burgueira, já será um ótimo começo.

Ah, o sanduíche da foto acima é lá da Burgueria. Quem desenvolveu o cardápio da casa foi o chef Adriano Santos, atualmente à frente do Haus München e do Albano's. O hambúrguer (receita dele) da casa leva carne bovina (patinho), linguiça calabresa defumada e pernil suíno. Pelo que me recordo do sabor do sanduíche do Eddie, imagino que sejam receitas bem diferentes. E essa variedade de ofertas é ótima.

A prova dos 17



Domingo passado publiquei no caderno Feminino do jornal Estado de Minas texto sobre a Degustação Histórica de cervejas promovida pelo restaurante alemão Haus München, dia 18 deste mês. Trata-se um encontro de amantes da bebida que, por estarem sempre viajando, não deixam de trazer rótulos interessantes para casa. Quando perceberam que juntos poderiam experimentar um pouco das cervejas de cada um e que isso seria uma tremenda experiência, combinaram a primeira rodada no bar Frangó (SP), em abril deste ano. O segundo encontro da turma foi o de semana passada, em BH. Quem quiser ler o texto que escrevi pode fazê-lo neste link do blog da Acerva Mineira, que tratou de imortalizá-la na internet.

Entre os participantes, estavam o jornalista austríaco Conrad Seidl (autor de O catecismo da cerveja), a mestre cervejeira e beer sommelier Cilene Saorin (SP), Marcelo Carneiro (Cervejaria Colorado/SP), Cassio Piccolo (Frangó/SP), Edu Passarelli (do blog Edu Recomenda e colunista da revista Prazeres da Mesa/SP); Sérgio Bueno (bares Original, Pirajá e Astor, Pizzaria Bráz e Lanchonete da Cidade/SP), André Clemente (também colunista da Prazeres/SP), Marco Falcone (cervejaria mineira Falke Bier), o mestre cervejeiro Paulo Schiavetto (MG), Halim e Ana Paula Lebbos (cervejaria mineira Backer) e Fernando Areco (restaurantes A Favorita, La Victoria e Splendido, em BH). E eu de observador, munido de bloquinho e da jurássica máquina da minha mulher.

Conrad é uma figura digna de registro, como podem observar:



Provamos 17 cervejas diferentes, produzidas na China, Itália, Estados Unidos (a maioria), Bélgica, Áustria e Brasil. Várias realmente muito boas, sendo algumas de paladar bastante incomum. E uma ou outra cuja degustação valeu mais pela curiosidade, caso da primeira, a chinesa Tsingtao, a pilsen líder de vendas por lá:



A cerveja seguinte visivelmente não foi uma unanimidade e exatamente por isso não houve quem ficasse indiferente a ela, a italiana Fleurette. A fábrica é especialista em cervejas com flores e frutas e essa é feita com rosas e violetas. Como era de se esperar, aroma floral pronunciado. Na boca, é leve e ácida.



Da terceira me limito a comentar algo que achei mais interessante que a análise sensorial em si: a Morimoto é uma cerveja norte-americana cuja formulação foi desenvolvida para atender o público japonês que mora por lá. Tendência curiosa.



Também norte-americana, a Allagash é maturada em barris de carvalho anteriormente usados para vinhos - prática já em uso há alguns anos. O aroma, como definiu bem Marco Falcone, é intrigante.



Mais uma italiana na linha ácida, só que, desta vez, feita com cereja:



A belga Cantillon, uma lambic orgânica de 2006, foi comparada pelos vizinhos de mesa a vinho branco. De fato, tem a ver. Para completar, não tem espuma e a carbonatação praticamente não é percebida.



Em primeiríssima mão, degustamos a Vivre pour vivre, sour ale com jabuticaba produzida pela Falke Bier. Marco, um dos responsáveis pela cerveja, até pediu para colocarem música na hora de provar! Sem dúvida, um dos pontos altos da noite.



Ele contou que várias experiências foram feitas até chegar ao que provamos. Primeiro, testou uma série de frutas até se decidir pela jabuticaba, trazida do sítio de um amigo, em Lagoa Santa (MG). A primeira tentativa de obter o extrato da fruta foi fervendo-as. Deu errado. Depois, tentou congelá-las. Também deu errado. Em ambos os casos, houve perda dos óleos essenciais, o que certamente iria interferir de maneira negativa na avalição dos sabores e aromas do produto final. Resolveu, então, macerar as jabuticabas com água mineral em temperatura ambiente. E deu certo.

Para quem conhece, a espetacular Monasterium (ale estilo belga de abadia) produzida pela Falke Bier é a base da Vivre. Fermentada por três anos em garrafa com o preparado de jabuticaba, a cerveja ganhou não apenas cor arroxeada, mas aroma e sabor delicados da fruta. O sabor, no caso, lembra o do licor de jabuticaba, para ser mais exato. Muito refrescante. O primeiro lote, de 300 garrafas, já está no ponto e será repartido entre especialistas. As próximas 1,6 mil garrafas é que estarão à venda, mas só ano que vem.

Em seguida, Bodebrown, uma wee heavy scotch ale feita por um pernambucano em Curitiba (PR):



Com esse nome, a próxima cerveja só poderia ser norte-americana mesmo: Audacity of hops (algo como "audácia de lúpulos", em inglês), super lupulada, muito mais do que uma IPA...



A primeira Samuel Adams era de trigo com suco de cranberry...



...enquanto a outra era de trigo com cereja:



Forstner, a austríaca que Conrad Seidl trouxe (outra praticamente sem gás, o que não defeito, mas característica):



Gouden Carolus, belga refermentada em garrafa magnum:



Quimet & Quimet, ótima cerveja belga produzida com exclusividade para o bar de mesmo nome, em Barcelona. Edu Passarelli, que a trouxe para a degustação, disse que o bar é um achado. Pequeno, fora da rota turística e recheado de cervejas. Para quem estiver de passagem por lá, fica a dica. Eis a garrafa:



O chef da casa, o craque Adriano Santos, já estava de parabéns pelos ótimos petiscos alemães que havia nos servido até então, mas não baixou a guarda e nos trouxe uma criação inspirada nos sabores da Europa Central. Filé (muito macio, rosado por dentro, passado na páprica) ao próprio molho com alcachofras, cogumelos, chucrute e spätzle:



Outra belezura belga: Pannepot Grand Reserva, envelhecida por 14 meses em carvalho francês e finalizada em madeira da região francesa de Calvados por oito meses. Aroma rico e complexo, com notas de especiarias, baunilha, maçã e frutas secas.



Black Butte XXI, porter com café e favas de cacau envelhecida em barril usados para bourbon:



Para terminar, outra degustação em primeira mão, a imperial stout da Colorado, feita com malte inglês e rapadura preta em abril deste ano. Ainda não está no mercado, mas posso adiantar que, como os demais rótulos da fábrica, vai agradar. Prevalece o design criado pelo norte-americano Randy Mosher:



Embutidos, arte portuguesa

Os portugueses realmente são artistas no que fazem. Tanto que da minha viagem para a terrinha, em junho deste ano, trouxe uma porção de especialidades. Frutos do mar enlatados, flor de sal, vinhos, licores, embutidos, azeite, azeitonas... A maioria já provei. Hoje, por exemplo, experimentei o chouriço de porco preto, a linguiça que os lusos fazem basicamente com a carne do porco preto alentejano, alho e condimentos como o chamado "pimentão da horta", que, ao que parece, é uma espécie de massa de pimentão. É ela que confere essa cor avermelhada ao "enchido". Vejam:


Para ler o que está na etiqueta, basta clicar na foto para ampliar a imagem. Recentemente provei o chouriço de vinho de Barrancos e descrevi essa árdua tarefa neste post, que também tem informações sobre a empresa que fabrica esses dois embutidos (Barrancarnes, com a marca Casa do Porco Preto), o porco preto e denominações de origem portuguesas.

A textura de ambos os embutidos é igual, já em relação a aroma e sabor, as diferenças são grandes. Talvez o aroma do chouriço de vinho seja um tanto mais agressivo, bem como seu sabor, no qual se nota certa (agradável) acidez. A gordura é uma maravilha, derrete na boca, preenchendo-a com muito sabor. Ela parece minar só de cortar rodelas finas e deixá-las expostas ao tempo por alguns minutos.

Agora só me resta uma farinheira pela frente.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Para não botar a mão na massa

Recebi ontem à tarde pequena caixa da amiga e chef Patrícia Crespo. Dentro, miniaturas de algumas especialidades que está oferecendo para o fim de ano: bolo inglês, bolo de laranja com mel e amêndoas, bolo de maçã com nozes, bolo de café com castanha do pará e, de quebra, um potinho de chutney de manga, que, segundo ela, vai bem com carne, queijos e frios. Agora há pouco, no café da manhã, experimentei alguns dos bolos e aprovei!





Junto, veio uma breve lista com produtos que ela oferece para entregar na casa de quem vai receber amigos e família, mas não quer ter trabalho na cozinha. Entre as opções, patês, pesto genovês, geleia de tomate com pimenta, caponata, brandade de bacalhau, rosbife de filé, tábua de frios, mini quiches, filé recheado com ervas e parmesão ao molho ferrugem, badejo ao molho de champanhe e alho poró e filé ao molho tailandês.

O contato dela é patcrespo@uol.com.br.

Obra em progresso




E então, o que emergirá das obras no imóvel antes ocupado pela filial do árabe K-Bab, na Contorno, aos pés do tobogã?

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Barbada da semana

Os pomodori pelati viraram item básico na despensa. O tal tomate italiano sem pele e em suco de tomate, vendido em latas de 400g, é uma verdadeira mão na roda para os que, por um motivo ou outro, não podem fazer seu próprio molho desde o início do processo, com tudo fresquinho. Mas ele não serve só para molhos. Dá para fazer sopas frias e quentes, risotos, bruschettas e impregnar todo tipo de prepação com sua cor e sabor, por exemplo. Lá em casa faço um molho rápido e esperto com ele: passeio por alguns instantes com um alho amassado pela panela com azeite, acrescento um toque da erva que tiver à mão, adiciono os tomates, remexo, deixo reduzir e acerto sal e pimenta-do-reino. Um baita quebra-galho. Só é preciso ficar atento a essa redução, pois se for por tempo de menos, o molho corre o risco de ficar aguado.





Atualmente, de tão populares, os pomodori pelati são bem fáceis de achar. Supermercados humildes e gourmet, delicatessens, padarias... Há várias marcas, quase todas em latas de 400g. Há também latonas que beiram os três quilos. O Verdemar, por exemplo, embala com sua marca a produção que compra de um produtor italiano e a revende nesses dois tamanhos. Considerando toda a variedade de marcas disponíveis no mercado, o preço da lata menor varia bastante - vai de R$ 2 (já vi de R$ 1,90, há algum tempo) a R$ 5 ou R$ 6. É preciso ficar de olho para conseguir arrematar lotes a bom preço. No último encarte de ofertas do supermercado Epa, a lata de pomodori pelati da Paganini é oferecida a R$ 2,68. Me parece que vale a pena.

Leitores, vocês conseguiram alguma barbada nos últimos tempos?

sábado, 21 de novembro de 2009

A maravilhosa gordura que derrete na boca

Há questão de alguns dias, finalmente abri um dos três sedutores pacotes embutidos que trouxe do aeroporto de Lisboa. Em razão da maior proximidade da data de vencimento, optei pelo "chouriço de vinho de Barrancos", nome dado pelos lusos a um tipo de linguiça feita com a carne e gordura do porco preto, vinho e algumas especiarias. Seguindo as instruções da embalagem, depois de abri-la esperei por 15 minutos antes de iniciar os trabalhos. Que maravilha...




Aroma intenso e sabor complexo, com perfeito equilíbrio entre as notas curadas e ácidas. Tudo com a benção da espetacular gordura do porco preto, que derrete na boca e confere untuosidade e muito (mas muito mesmo) sabor... Essa linguiça não é defumada, mas curada, e a região em que é feita - Barrancos - rendeu a Portugal uma denominação de origem protegida (DOP). No caso, a única do país para presuntos. Um link interessante e útil para quem quer saber quais são os produtos portugueses com selos DOP, ETG (Especialidade Tradicional Garantida) e IGP (Indicação Geográfica Protegida) e é esse aqui, do departamento de agricultura e desenvolvimento rural da Comissão Europeia. Para quem quiser correr atrás, a marca dos embutidos que trouxe é Casa do Porco Preto, comercializada pela Barrancarnes.


Ao que tudo indica e a julgar pela descrição na embalagem (cliquem na foto para ampliá-la e ler a etiqueta), esse porco preto é um animal primo do porco preto espanhol. Ele é descrito como pertencente de raça alentejana. É criado solto e com alimentação 100% natural, o que inclui bolotas de carvalho durante cerca de 1/3 do ano. Não é de bolotas que se alimenta o famoso primo espanhol? Pois são elas importante componente na alimentação do bicho para que sua carne e gordura se tornem tão deliciosas.

Agora restaram lá em casa um chouriço e uma farinheira. A conferir em breve.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Armazém Medeiros abre as portas

Hoje é o primeiro dia de funcionamento do Armazém Medeiros, bar inaugurado onde funcionou o velho Armazém Medeiros, no cruzamento das ruas Rio de Janeiro e Antônio Aleixo, em Lourdes. Estive lá nessa segunda-feira para apurar a matéria que estrá na página 3 do caderno Divirta-se de amanhã. O ambiente ficou bonito, reproduzinho o clima de venda com prateleiras de madeira de caixote cheias dos mais variados produtos. Sabão, enlatados, fósforos etc. Aí vai uma imagem dos instantes finais da obra...



... e outra para vocês terem uma ideia de como ele é visto da rua:



A especialidade da csaa são as carnes - cortes tradicionais (picanha, alcatra etc) e especiais (bife ancho, costeleta de cordeiro etc) -, mas há variedade interessantes de pedidas. Algumas não são muito comuns em botecos, como couve flor à milanesa, ceviche, farofa de ovos trufada e tomate verde frito. Só conferindo. Gostei muito de saber que há um funcionário exclusivamente por conta de preparar e fritar pastéis. Para beber, cervejas de garrafa, chope e 100 cachaças, incluindo uma feita com o nome da casa, vinda de fazenda na cidade mineira de Novo Cruzeiro, no Vale do Jequitinhonha.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Safari de lagosta

Para quem acha que já viu (e fez) de tudo em se tratando de turismo gastronômico, recomendo uma espiada na curiosa matéria do The Wall Street Journal sobre caça de lagostas na Suécia! O cara sai para passear de barco, joga as armadilhas em alto mar, leva tudo o que pescou para a cozinha e prepara com o chef do hotel pratos para o jantar. A essa farra, deram o nome de "lobster safari" e, de acordo com a matéria, ela custa cerca US$ 500 por cabeça, incluindo um dia de hospedagem e bebidas à parte. O hotel em questão é Handelsman Flink e o link deles para o tal safari é esse aqui.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Barbada da semana

Dessa vez, a barbada está nas livrarias. Encontrei semana passada o catatau 1001 comidas para provar antes de morrer (Sextante, 960 páginas) na livraria Leitura por R$ 59,90! Havia uma pequena montanha de exemplares e, aparentemente, aquele era o "preço normal". Não era promoção. Já estava decidido a trazê-lo comigo, mas fui advertido por minha mulher a esperar um pouco. Sábia decisão: conseguiu comprá-lo com bom desconto (20% ou 30%, acho) numa livraria da UFMG por ser mestranda. Então, leitor, se você também é estudante de lá, caia matando! Acabei de fazer uma cotação na internet e vi que vários sites estão vendendo por R$ 47 e uns quebrados! Uma bagatela!



Sextante/Reprodução

Fartamente ilustrado, o livro está dividido nas seguintes categorias: frutas, hortaliças, laticínios e ovos, peixes, carnes, temperos, grãos, da padaria e doces. Tive a felicidade de constatar que várias das 1001 dicas eu já conferi. Umas por facilidades geográficas, como a jabuticaba e o cupuaçu; outras por felizes acasos profissionais, como o paio português e o percebes; e terceiras em férias, como o pecorino di fossa, que provei na Itália. Cada verbete consiste numa descrição rápida do item, seu lugar de origem, dados históricos, dicas de degustação e uma pincelada acerca do sabor. Ao todo, 53 profissionais foram empenhados nessa compilação. O craque Arnaldo Lorençato, editor de gastronomia da Veja SP, ajudou na tarefa como único brasileiro da equipe. Trouxe para a edição cerca de 20 joias, como jabuticaba, açaí, surubim-pintado, caju, pequi, cupuaçu, pitu, guaraná, gusano (por que deram esse nome ao turu?), rapadura, castanha do pará e até formiga saúva!

Para o gourmet curioso, é diversão garantida.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Gel, fumaça e papel no D.O.M.

Em setembro estive lá no D.O.M., do chef Alex Atala, em São Paulo. Fiquei devendo desde então um relato de como foi lá, de maneira que quitarei essa dívida agora, neste post. O 24º melhor restaurante do mundo na lista anual da revista britânica Restaurant fica numa rua sem saída (Barão de Capanema, 549), nos Jardins. Não há placa: apenas as três letras que dão nome à casa em relevo, feitas de metal e em tamanho pequeno. Luz baixa e pé direito alto. Luz, mesmo, só na cozinha. Por isso (e pela humildade da minha câmera) as fotos estão tenebrosas... Peço desculpas pela baixa qualidade das imagens, mas pensando pelo lado positivo, ao menos saí de lá com o prato a prato todo registrado. As fotos são feias, mas são fotos.

Bom, chega de chororô e vamos ao que interessa. Chegamos lá para jantar numa segunda-feira. Optamos pelo menu de oito pratos, que na prática teve 12, além do couvert e café! Como são porções pequenas, passar por todas não foi nenhum sacrifício - muito pelo contrário. Me lembro de ter ouvido o próprio Alex me dizer numa entrevista que o ideal é que o comensal chegue a sobremesa com o mesmo ânimo do início. Ele tem razão.

Sentamos no mezanino, de onde se vê boa parte do salão:



Começamos com pães feitos na casa (integral e de ervas) e pão de queijo, tudo oferecido constantemente ao longo do jantar num grande cesto forrado com pano:



Em seguida (da esquerda para a direita), coalhada com azeite, creme de alho caramelizado e manteiga francesa Président com sal grosso e alecrim (atrás há uma latinha com manteiga Aviação, reparem):



E eis que a sequência de 12 pratos começa com gel de tomate verde com flores, ervas, brotos, cítricos e milho peruano, uma festa para os olhos e para o paladar:



A próxima criação do chef foi apresentada sobre uma placa de ardósia! O retângulo por baixo de tudo é uma espécie de carpaccio de palmito pupunha, muito fino e delicado. Por cima, uma inesperada combinação de alga, melancia e creme de castanha do pará. O garçom nos disse para comer primeiro a flor roxinha que vem ao lado, o borago, na qual Atala identifica sabores de ostra e melancia (detectei algo parecido com melão). A junção de um pouquinho de cada coisa na boca foi um dos pontos altos para mim. Incrível.



Alex disse que costuma criar algumas receitas para confundir, para brincar com o freguês. Penso que é uma maneira de fazer com que se preste ainda mais atenção ao que ele traz à mesa. O prato seguinte é um bom exemplo disso: a casca de ostra na parte de trás sugere que algo do mar foi usado, o que não é verdade. Trata-se de um purê de cará com brotos de agrião e manga verde. Só elementos da terra e nada do mar! A não ser que se considere o fator marítimo psicológico do borago...



Arroz negro com legumes e leite de castanha do pará (ingrediente interessante), o quarto prato:



Mais um equilíbrio complexo de sabores. Queijo coalho, legumes tostados, mel de engenho, espuma de fumaça (sim, é esse o sabor!) e azeite de baunilha:



Um clássico, de Alex, "Quiabo, quiabo, quiabo". No mesmo prato, temos papel de quiabo (a folha verde, em cima, que é feita a partir da celulose natural dele), quiabo, frito, quiabo ao forno, quiabo salteado, caviar de quiabo (as sementes) e fundo de legumes tostados com baba de quiabo.



Quem disse que toda brandade é de bacalhau? No D.O.M. há essa, saborosíssima, feita com palmito pupunha e servida com a genial combinação de anchova e rôti de carne:



Opa! Só agora me dei conta de que deixei de registrar em foto o oitavo prato. Inclusive, lendo minhas anotações no bloquinho, lembrei-me que havia gostado muito dele: mandioquinha defumada, pasta de berinjela, espuma de amendoim, levedura de cerveja e azeite de manjericão. Foi outro ponto alto, certamente. Fico devendo a foto!

Surpresa: carne de paca na mesa! Saborosa, extremamente macia e untuosa... Para ficar na memória. Chegou a mesa com mandioca frita, molho rôti, cebola grelhada e pimenta. Soube que o restaurante paulistano Fasano também vai começar a servir.



Para finalizar a seção salgada do menu, o tradicional aligot, feito com batata e queijos gruyère e minas padrão. A mistura elástica é trazida à mesa presa a duas colheres, que giram num movimento que lembra a produção da bala delícia. Alguns vão questionar o porquê do queijo minas padrão. Por que não usar o artesanal? Eu mesmo me perguntei e não tive como poupar o chef da minha dúvida. Questão de consistênca, me justificou ele.



A placa de ardósia está de volta. Dessa vez, com inusitado trio de sobremesas. Da esquerda para a direita: cogumelo kikurague (de sabor doce), ravióli de limão com banana ouro (maravilhoso!) e pudim de priprioca (há tempos o chef usa esse ingrediente, espécie de baunilha amazônica).



Última etapa! Torta de castanha do pará com sorvete de uísque, calda de chocolate (com curry, pimenta malagueta e sal maldon) e rúcula selvagem. Mais uma para a lista de boas sobremesas pouco açucaradas. Uma beleza de equilíbrio!



Expresso e petit fours na despedida. Um deles levava bacuri!



Antes de ir embora, dei uma espiada na cozinha e conversei um pouco mais com Alex e sua equipe. Acima da bancada, reparem, está o kit para afastar mau olhado e afins!



Aí está a turma do D.O.M.:
Uma noite memorável.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Achei!

Finalmente encontrei aqui em BH um sorvete de pistache realmente muito bom. Depois de provar muita bobagem verde limão (pistache por acaso tem essa cor?) e outros que até tinham cor de coisa boa, mas não valiam quase nada, encontrei algo que realmente vale a pena hoje à tarde, na vitrine da sorveteria Punto It (Rua Marília de Dirceu, 108 / loja 112, Lourdes; 31 3291-0154). Já havia feito matéria lá quando a casa foi aberta, em fevereiro deste ano e, desde então, essa foi minha segunda ou terceira visita ao lugar. Como sempre, tudo muito fresco e muito bom, inspirado na escola italiana. Eis o casal a frente do negócio, Khenya e Domenico, ela mineira e ele italiano:



Numa passada d'olhos pela vitrine da loja, logo identifiquei o sorvete de pistache em tom esverdeado que sugere muito mais algo natural do que um coquetel de coloríficos e saborizantes "idênticos aos naturais". Batata! Pedi para prová-lo e me lembrei na hora do melhor sorvete de pistache que já tomei na vida, há uns quatro anos, lá em Florença, na Itália. Não me lembro agora do nome da sorveteria, mas tenho o cartão dela em casa para quem quiser a dica. Vejam que beleza de vitrine:




Tudo bateu, sobretudo o sabor: de pistache mesmo (vamos combinar: a maioria não tem!), pouco doce e um quê daquele gosto peculiar das nozes e castanhas, que fica entre o doce e salgado, numa zona que, particularmente, associo como "madeirenta". Recomendo sem medo!




Perguntando a Khenya sobre o motivo daquele sorvete ser tão bom, ela me explicou que mudou a pasta de pistache com a qual trabalha. A atual leva exclusivamente pistaches de Bronte, na Sícilia, sul da Itália. Pistaches e nada mais, já que ela me disse que alguns produtores costumam acrescentar nozes e otras cositas mas para fazer o sorvete "render". Para se ter uma ideia, a pasta que ela usava antes (também italiana, mas diluída com as cositas mas) custava R$ 150/kg e a atual, R$ 500/kg! Sobre Bronte e seus pistaches, encontrei os seguintes links: http://www.comune.bronte.ct.it/ e http://www.brontepistacchio.it/.

Provei outros sabores muito bons, como o incomum sorbet de cacau (à base de água e sem leite, como todo sorbet, com sabor intenso e, como sempre aprovo, pouco doce)...



... e o sorvete de grana padano (sim, o legítimo queijo italiano!):



Também gostei dos de queijo canastra, nozes e mascarpone. A saber, uma bola (que pode ser dividida em dois sabores) custa R$ 5, duas saem por R$ 8,50 e três, R$ 12,50.