sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A prova dos 17



Domingo passado publiquei no caderno Feminino do jornal Estado de Minas texto sobre a Degustação Histórica de cervejas promovida pelo restaurante alemão Haus München, dia 18 deste mês. Trata-se um encontro de amantes da bebida que, por estarem sempre viajando, não deixam de trazer rótulos interessantes para casa. Quando perceberam que juntos poderiam experimentar um pouco das cervejas de cada um e que isso seria uma tremenda experiência, combinaram a primeira rodada no bar Frangó (SP), em abril deste ano. O segundo encontro da turma foi o de semana passada, em BH. Quem quiser ler o texto que escrevi pode fazê-lo neste link do blog da Acerva Mineira, que tratou de imortalizá-la na internet.

Entre os participantes, estavam o jornalista austríaco Conrad Seidl (autor de O catecismo da cerveja), a mestre cervejeira e beer sommelier Cilene Saorin (SP), Marcelo Carneiro (Cervejaria Colorado/SP), Cassio Piccolo (Frangó/SP), Edu Passarelli (do blog Edu Recomenda e colunista da revista Prazeres da Mesa/SP); Sérgio Bueno (bares Original, Pirajá e Astor, Pizzaria Bráz e Lanchonete da Cidade/SP), André Clemente (também colunista da Prazeres/SP), Marco Falcone (cervejaria mineira Falke Bier), o mestre cervejeiro Paulo Schiavetto (MG), Halim e Ana Paula Lebbos (cervejaria mineira Backer) e Fernando Areco (restaurantes A Favorita, La Victoria e Splendido, em BH). E eu de observador, munido de bloquinho e da jurássica máquina da minha mulher.

Conrad é uma figura digna de registro, como podem observar:



Provamos 17 cervejas diferentes, produzidas na China, Itália, Estados Unidos (a maioria), Bélgica, Áustria e Brasil. Várias realmente muito boas, sendo algumas de paladar bastante incomum. E uma ou outra cuja degustação valeu mais pela curiosidade, caso da primeira, a chinesa Tsingtao, a pilsen líder de vendas por lá:



A cerveja seguinte visivelmente não foi uma unanimidade e exatamente por isso não houve quem ficasse indiferente a ela, a italiana Fleurette. A fábrica é especialista em cervejas com flores e frutas e essa é feita com rosas e violetas. Como era de se esperar, aroma floral pronunciado. Na boca, é leve e ácida.



Da terceira me limito a comentar algo que achei mais interessante que a análise sensorial em si: a Morimoto é uma cerveja norte-americana cuja formulação foi desenvolvida para atender o público japonês que mora por lá. Tendência curiosa.



Também norte-americana, a Allagash é maturada em barris de carvalho anteriormente usados para vinhos - prática já em uso há alguns anos. O aroma, como definiu bem Marco Falcone, é intrigante.



Mais uma italiana na linha ácida, só que, desta vez, feita com cereja:



A belga Cantillon, uma lambic orgânica de 2006, foi comparada pelos vizinhos de mesa a vinho branco. De fato, tem a ver. Para completar, não tem espuma e a carbonatação praticamente não é percebida.



Em primeiríssima mão, degustamos a Vivre pour vivre, sour ale com jabuticaba produzida pela Falke Bier. Marco, um dos responsáveis pela cerveja, até pediu para colocarem música na hora de provar! Sem dúvida, um dos pontos altos da noite.



Ele contou que várias experiências foram feitas até chegar ao que provamos. Primeiro, testou uma série de frutas até se decidir pela jabuticaba, trazida do sítio de um amigo, em Lagoa Santa (MG). A primeira tentativa de obter o extrato da fruta foi fervendo-as. Deu errado. Depois, tentou congelá-las. Também deu errado. Em ambos os casos, houve perda dos óleos essenciais, o que certamente iria interferir de maneira negativa na avalição dos sabores e aromas do produto final. Resolveu, então, macerar as jabuticabas com água mineral em temperatura ambiente. E deu certo.

Para quem conhece, a espetacular Monasterium (ale estilo belga de abadia) produzida pela Falke Bier é a base da Vivre. Fermentada por três anos em garrafa com o preparado de jabuticaba, a cerveja ganhou não apenas cor arroxeada, mas aroma e sabor delicados da fruta. O sabor, no caso, lembra o do licor de jabuticaba, para ser mais exato. Muito refrescante. O primeiro lote, de 300 garrafas, já está no ponto e será repartido entre especialistas. As próximas 1,6 mil garrafas é que estarão à venda, mas só ano que vem.

Em seguida, Bodebrown, uma wee heavy scotch ale feita por um pernambucano em Curitiba (PR):



Com esse nome, a próxima cerveja só poderia ser norte-americana mesmo: Audacity of hops (algo como "audácia de lúpulos", em inglês), super lupulada, muito mais do que uma IPA...



A primeira Samuel Adams era de trigo com suco de cranberry...



...enquanto a outra era de trigo com cereja:



Forstner, a austríaca que Conrad Seidl trouxe (outra praticamente sem gás, o que não defeito, mas característica):



Gouden Carolus, belga refermentada em garrafa magnum:



Quimet & Quimet, ótima cerveja belga produzida com exclusividade para o bar de mesmo nome, em Barcelona. Edu Passarelli, que a trouxe para a degustação, disse que o bar é um achado. Pequeno, fora da rota turística e recheado de cervejas. Para quem estiver de passagem por lá, fica a dica. Eis a garrafa:



O chef da casa, o craque Adriano Santos, já estava de parabéns pelos ótimos petiscos alemães que havia nos servido até então, mas não baixou a guarda e nos trouxe uma criação inspirada nos sabores da Europa Central. Filé (muito macio, rosado por dentro, passado na páprica) ao próprio molho com alcachofras, cogumelos, chucrute e spätzle:



Outra belezura belga: Pannepot Grand Reserva, envelhecida por 14 meses em carvalho francês e finalizada em madeira da região francesa de Calvados por oito meses. Aroma rico e complexo, com notas de especiarias, baunilha, maçã e frutas secas.



Black Butte XXI, porter com café e favas de cacau envelhecida em barril usados para bourbon:



Para terminar, outra degustação em primeira mão, a imperial stout da Colorado, feita com malte inglês e rapadura preta em abril deste ano. Ainda não está no mercado, mas posso adiantar que, como os demais rótulos da fábrica, vai agradar. Prevalece o design criado pelo norte-americano Randy Mosher:



8 comentários:

  1. Eduardo, foi sem dúvida uma noite memorável, aliás, muito bem descrita neste post. Obrigado, um abraço e Pão e Cerveja!

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  2. Falcone,

    a noite foi realmente memorável. E repito: além das cervejas, a comida estava muito boa! E a Vivre roubou a cena! Viva a jabuticaba! Muito obrigado pela visita! Apareça mais!

    Abraços.

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  3. Vc já ouviu falar da Ashi? Fui na fábrica no Japão e me parece que é uma super dry. A fábrica é show de bola, e a cerveja é "joinha".
    Abração,
    Luciene Martins Rêgo

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  4. Oi, Luciene!

    Não conheço essa Ashi. É boa, então? Acho dela aqui em BH?

    Abraços.

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  5. Não sei.........Japa não tem tradição, daí acredito em dificuldade para achar. Eu gostei. Talvez em Sampa, né?
    Abração,
    Luciene Martins Rêgo

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  6. Sim, talvez em SP. Mas pode ser que o Haus München, Café Viena ou Frei Tuck tenham - são as casas com maior quantidade de cerveja por aqui.

    Abraços.

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  7. rapaz, como você adiantou... a coisa foi barra-pesada mesmo! Não me lembro de outra assim aqui em BH. e qt à Ashi... outro bom lugar para procurá-la é o Mundaka.

    Abraços,

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  8. Raskól,

    também já ouvi dizer que o Mundaka tem certa variedade. Boa dica.

    Abraços.

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