quinta-feira, 30 de julho de 2009

Uma aula de simplicidade e sabor no Sushi Naka

Ontem à noite fui jantar no Sushi Naka (Rua Gonçalves Dias, 92, Funcionários; 31 3287-2714) e gostei muito. A opção pelo Naka simples (combinado com 50 peças, incluindo sashimis; R$ 78) me pareceu a mais apropriada para um casal com algum apetite, sem exageros. Tudo aparentemente bem fresco, além de saboroso, bem cortado, montado e apresentado. Destaque para o peixe branco do dia, delicioso: um dos funcionários me disse que se chamava "rata" (seria "hata"?), espécie de parente da anchova negra. Uma maravilha. Dá até dó passar o sashimi dele no shoyu...

Foi o único lugar na cidade em que vi peças chegarem à mesa já com faiz forte aplicada. Tradicionalmente (ao menos de acordo com alguns livros que li), as peças são servidas já com um toque de raiz forte, mas por aqui sempre a vi como bolota no canto da travessa, esperando para ser cutucada a gosto do freguês. Não sou muito chegado a raiz forte, mas devo confessar que gostei mesmo assim. Não comprometeu em nada - pelo contrário. Arrematamos dividindo um bom missoshiro com cogumelos shimeji (pouco menos de R$ 7, acho). O belo tempura de legumes pedido pela mesa ao lado certamente vai nos inspirar nova visita. Inclusive, pretendo voltar para conhecer o almoço (reza a lenda que o prato executivo custa R$ 30 e serve duas pessoas) e o rodízio (aos domingos).

A conta esbarrou nos R$ 100. Talvez um pouco salgado para um casal que bebeu apenas duas águas sem gás. Digo "talvez" porque a qualidade do que foi servido sem dúvida é alta. Por outro lado, também digo "talvez" porque o ambiente é extremamente simples em comparação à concorrência. As cadeiras são azuis e alaranjadas, de plástico. As mesas, de fórmica branca, lembram o mobiliário de escolas infantis. Para ser bem franco, se você não reparar no que as pessoas estão comendo, facilmente poderá se imaginar num botequim: ambiente absolutamente desprovido de luxos, gente falando alto (estava lotado), cerveja de garrafa na mesa (como eles ainda não sucumbiram a ditadura das long necks?), garçons atendendo de camiseta. Nada contra, mas convém lembrar que a gente paga por tudo num restaurante. Tudo.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Novo blog na praça

Estreou recentemente o blog da importadora Casa do Vinho, uma das principais de Belo Horizonte. Aberta em 1962, a casa comercializa hoje cerca de 250 rótulos europeus e sul-americanos - 95% deles são exclusivos. Além de informações sobre os vinhos que são comercializados na loja, o blog pretende postar dicas para enófilos e comparações entre rótulos sob diferentes critérios. A importadora também está no Twitter. Um brinde de boas vindas!

domingo, 26 de julho de 2009

Vamos rezar pelo bar Oratório!

Outro dia estive no bar Oratório (Avenida Brasil, 161, Santa Efigênia; 31 3241-7112) e gostei, apesar de:

- pelo menos metade das cervejas estarem chocas!

- o número de garçons ser insuficiente para atender com eficiência todo mundo (por isso não posso culpá-los por falta de atenção)

Já havia feito matéria na época da inauguração, mas ainda não havia voltado como freguês. Gostei do ambiente interno, mas acabei sentando do lado de fora. A generosa calçada da esquina cria um clima bem agradável. A cerveja que estava na mesa quando cheguei estava choca. A seguinte também. Mudamos de rótulo, mas o problema persistiu ainda por umas duas ou três garrafas. Será que ninguém percebe?

Gostei do chouriço e da costelinha embriagada com batatas. Acho que a costelinha ficaria melhor se o molho que a acompanha não fosse tão ralo - imaginem que beleza seria um molho mais espesso com mel, mostarda, cachaça e limão... O "Dois prá lá" também agradou: carne de sol, linguiça, mandioca frita, torresmo e, no meio, pimenta biquinho.

Por fim, minha observação sobre o atendimento deficiente da casa encontra eco no blog Bares BH. Não sou o único a reclamar. Mesmo assim, acredito que o bar mereça nova visita.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Revisitando Ouro Preto e Mariana




Estive em Ouro Preto e Mariana no último fim de semana para assistir a alguns shows e peças do festival de inverno. Aproveitei, é claro, para rever alguns lugares dos quais havia gostado na minha última visita e conhecer casas novas. Quase sempre vou para lá a trabalho e mal dá tempo de comer um sanduíche no fim de noite. A última visita consistente do ponto de vista gastronômico foi no início de 2005, quando avaliei os principais bares e restaurantes de lá para o Guia Unibanco Minas Gerais (Bei).

De lá para cá, as novidades que mais me chamaram a atenção foram a inauguração do Bené da Flauta, próximo a igreja de São Francisco de Assis, e a recente reestruturação do restaurante do hotel Solar do Rosário, cujo cardápio foi reformulado pelo chef italiano Luciano Boseggia (a cozinha está nas mãos da chef Denise Campanharo). Entre os novos, dessa vez só consegui conhecer o primeiro.

Passei na porta do Senhora do Rosário só para conhecer e dar uma olhada no cardápio: achei bem italiano, com praticamente nada de norte e nordeste brasileiro, como a chef havia me explicado inicialmente. Seria essa fusão (Brasil e Itália) apenas um mote para inaugurar a casa e eu me enganei? Perguntei ao garçom e ele me disse que a Denise ainda é a chef da cozinha. Fica para a próxima.

Ferrugem
Depois do ótimo show do Chico Amaral (embaixo da Ponte dos Contos) fui, então, conhecer o Bené da Flauta (Rua São Francisco, 32; 31 3551-1036). Casa ampla e bonita, atendimento bem formal e cardápio variado, mas sem maiores ousadias, com predomínio de filés. Influenciado justamente por isso, resolvi experimentar um deles, o turnedô ao molho ferrugem com arroz à piemontesa.




Mas antes me regalei com duas taças do ótimo chope Falke Bier (presente desde a inauguração, há cerca de três anos), que tentei harmonizar com o couvert (conservas de berinjela e abobrinha; pimentão e tomate assados), servido gelado. Eu sei que conserva não se come quente, mas gelada é dureza!

O filé veio no ponto solicitado e estava macio e suculento, guarnecido por arroz à piemontesa razoável. Menos sorte teve minha mulher, que se achou perdida num prato que julgou (e eu concordei) ter elementos demais: folhado de frango com espinafre, gorgonzola, molho de funghi e arroz com amêndoas. De toda forma, talvez a casa mereça nova visita. Quem sabe na hora do almoço, quando servem pratos mineiros?

Michael Jackson
Aproveitei para rever dois lugares que já conhecia: a pizzaria O Passo (Rua São José, 56; 31 3552-5089) e o mineiro Chafariz (Rua São José, 167; 31 3551-2828). O primeiro continua como na primeira vez: atendimento satisfatório, ambiente agradável (apesar de a varanda ter sido transformada numa boate em tributo a Michael Jackson) e boa pizza de massa fina (mas acho um pecado misturar cogumelos frescos e em conserva...).

A carta de vinhos conta com várias opções entre R$ 40 e R$ 60 - o que é bom -, mas acredito que ainda possa ser feito esforço no intuito de ampliar a oferta que se enquadra abaixo desse patamar. Gostei do espanhol Artero (tempranillo), ainda mais quando pesquisei sobre ele no Google e descobri que custa menos de R$ 30 na prateleira!

Licor de milho
O almoço no Chafariz não teve surpresas. O bufê mineiro continua bom, no mesmo padrão de antes. Frango com quiabo, frango ao molho pardo, costelinha (tinha mesmo que ser defumada?), couve, arroz, tutu (menos espesso que o habitual), tropeiro (vegetariano; quem quiser, que adicione sua linguiça), lombo fatiado, mini linguiça (não poderia ser uma com mais cara de "da roça"?), ótimo torresmo, mandioca, excelente couve refogada, bambá de couve, banana assada, farofa e por aí vai. Para comer à vontade, incluindo mesa de doces e queijo, cachaça, licor e café, com ambiente muito agradável e atendimento de primeiríssima, achei justo pagar R$ 34.




O licor de jabuticaba servido no Chafariz eu já conhecia. É ótimo. Deu vontade de levar uma garrafa comigo, mas a casa onde é feito e vendido, ao lado do restaurante, estava fechada! Por falar em licor, há uma loja na rua Direita, pouco abaixo do restaurante Casa do Ouvidor, que vende um licor de milho ótimo. Por pura falta de atenção, esqueci o nome, mas não tem erro: loja pequena, abarrotada de chocolates e licores. Provei por pura curiosidade, pois nunca havia visto e me surpreendi com o sabor. Também me agradaram os chocolates da loja Chocolates Ouro Preto (Rua Getúlio Vargas, 66; 31 3551-7330).

Azia
No domingo fui para Mariana assistir ao show do Beto Guedes. Decidi, então, comer algo por lá. Que arrependimento! O lugar que escolhi está tão abaixo da crítica, que não merece nem ser citado aqui. Fiquei assustado com o baixíssimo nível do atendimento e com a pizza sem vergonha que chegou à mesa - e olha que uma das especialidades do lugar era pizza. Que tipo de turista Mariana quer atrair com um serviço desse?

A flor de sal brasileira

A chef Rosilene Campolina nos informa que todas as lojas gourmet da rede de supermercados Super Nosso, em Belo Horizonte, estão vendendo flor de sal produzida no Brasil. Para quem ainda não conhece: são chamados de flor de sal os cristais de sal marinho retirados manualmente da superfície das salinas. Um dos mais apreciados é o sal de Guérande (fleur de sel de Guérande), cujos cristais são recolhidos na cidade francesa de mesmo nome. Sua textura crocante, porém delicada, e seu sabor sutil o fazem um ingrediente precioso na finalização das mais variadas receitas - incluindo sobremesas!



Cimsal/Divulgação

Eu já havia ouvido falar da flor de sal brasileira ano passado, mas ainda não tinha visto à venda nem ouvido nenhum chef daqui falar a respeito. Quem produz é a Cimsal, empresa com sede em Mossoró (RN) e que atua em salinas do Rio Grande do Norte e Ceará. Parece que a "embalagem gourmet" (pote de 150g) começou a ser vendida recentemente por aqui. Ótima notícia! Ainda não experimentei essa versão brasileira, mas tenho visto bons comentários sendo feitos por blogueiros brasileiros da gastronomia.


Pena que a notícia coincidiu com dois "mimos" que o chef português Vitor Sobral me fez colocar na mala quando voltei de Lisboa, mês passado: um pote da ótima flor de sal portuguesa (sim, eles têm sua a própria!) e um saco de sal marinho tradicional recolhido à mão. Os dois vêm do Parque Natural da Ria Formosa, no Algarve, extremo sul do país, quase na fronteira com a Espanha. A saber: os que ganhei são da empresa Necton. De toda forma, assim que avistar um pote da nossa flor de sal nordestina, trarei para comparações em casa.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Portugal - O pastel de Belém





Depois de me fartar no ótimo Solar dos Presuntos, segui para caminhada pelas ruas de Lisboa. Como o objetivo era aproveitar ao máximo o dia livre para experimentar sabores locais, quanto mais longo o roteiro, melhor. Afinal, era preciso fazer a digestão! Agradeci a sobremesa pensando em guardar apetite para o pastel de nata de Belém: a ida a Antiga Confeitaria de Belém (Rua de Belém, 90) é um programa clássico e obrigatório para o turista.

Saí do Rossio em direção ao boêmio Bairro Alto. Subi a bela rua Garrett (foto acima), que começa na frente dos Armazéns do Chiado (transformado em centro comercial), para conhecer o café A Brasileira, um dos mais famosos da cidade. Inaugurado em 1905, tem entre as mesas do calçadão uma estátua do Fernando Pessoa. A vitrine estava atraente, lotada de doces e pasteis de nata, mas eu sabia muito bem que deveria me poupar para Belém.





Desci a rua do Alecrim até a praça próxima ao Mercado da Ribeira. Havia lido sobre a variedade de peixes e frutos do mar de lá, mas dei de cara com as portas fechadas. Já passava de 14h. A visita acabou ficando para a manhã do último dia. O caminho até Belém é talvez longo demais para ser feito pé, motivo pelo qual peguei ali mesmo um ônibus que me deixou praticamente na porta da confeitaria.





A casa é enorme e o encadeamento dos seus vários ambientes tem um quê labiríntico. Vive cheia de gente, mas é tão grande e tem tantas mesas que não é preciso se preocupar. Sempre terá um lugar para sentar! Garçons circulam sem parar no leva e traz de pratinhos brancos pelos salões da confeitaria, aberta em 1837. Na entrada, prateleiras até o teto, abarrotadas de vinhos. As paredes são decoradas com lindos azulejos azuis e brancos com os mais variados motivos.




Já havia vistitado a casa em 2006, quando conheci Lisboa, mas asseguro que esse pastel de natas valeu a segunda visita. Base crocante, recheio cremoso e superfície curiosa, que parece queimada. Na primeira vez, comi com uma taça de porto. Era um começo de noite, em pleno inverno. Agora o acompanhamento foi água mesmo! Sou apaixonado por vinho do porto, mas não acho que cairia bem no meio de uma tarde com sol de rachar.





Uma pitada de açúcar e outra de canela são indispensáveis!


Bem perto da confeitaria está o bonito Padrão dos Descobrimentos, monumento de concreto com quase 60m de altura, erguido para comemorar os 500 anos da morte de Henrique, o Navegador.






E a alguns passos dali está a famosa Torre de Belém.






Ah, a água do rio Tejo é salgada!





quinta-feira, 16 de julho de 2009

A volta de Carlo Zangrando

Depois de ajudar a popularizar a pizza de massa fina em várias casas da cidade, o pizzaiolo italiano Carlo Zangrando abriu recentemente as portas de sua primeira casa, batizada de Vesúvio. Fica na avenida Fleming, 240, Ouro Preto, região da Pampulha que nos últimos anos vem crescendo do ponto de vista gastronômico. Nascido em Pádova, Carlo aprendeu a fazer pizza em Nápoles. Chegou ao Brasil há 15 anos: começou trabalhando numa pizzaria de Búzios (RJ). Três anos mais tarde, veio para Belo Horizonte, onde trabalhou nos extintos Positano e Basílico. Depois, passou pela Marília Pizzeria e 68 La Pizzeria, duas das principais pizzarias da cidade atualmente. Em todas elas foi sócio minoritário. Agora é diferente. Com projeto de Beth Nejm, a casa serve principalmente pizzas assadas em forno a lenha. São 48 sabores. Entre elas, Carlo destaca sua última criação, chamada La Meraviglia: molho de tomate, mussarela de búfala, cogumelos porcini, queijo brie, presunto cru e manjericão. Os vinhos são da Gusto (Enoteca Fasano e Vinci). A Vesúvio fica aberta de terça a sexta, das 18h à 1h; sábado e domingo, das 12h à 1h. A conferir.

Cerveja Bauhaus: alguém já tomou?






Bauhaus/Divulgação

Hoje de manhã topei com uma garrafa de cerveja que ainda não havia visto: Bauhaus. Alguém já experimentou? Trouxe uma comigo, para posterior apreciação. A garrafa é aquela baixinha e gordinha de 600ml e o rótulo, dourado e preto. O rótulo do verso tem texto grande, mas não muito explicativo. Não informa, por exemplo, onde fica a Cervejaria Premium, na qual é produzida. Para descobrir algo além do "Indústria brasileira", tive de contornar a tampa com os olhos para saber que ela é feita em Frutal (MG).

Corri ao Google para informações preliminares e encontrei avaliação da Bauhaus no ótimo blog do cervejeiro Edu Passarelli, que informou a presença de corante caramelo na fórmula. No rótulo da garrafa que comprei, não há menção alguma a respeito e post dele data de fevereiro do ano passado. Não é prudente concluir por conta própria sobre o porquê dessa informação ter sido retirada, mas há pistas no comentário anônimo deixado no mesmo post - parece ter sido escrito por alguém da cervejaria. O site Brejas também exibe comparação de avaliações e teste cego nos quais a Bauhaus foi incluída. No teste (12 rótulos brasileiros de pilsen premium), ela ficou em primeiro lugar.

Fui, então, ao site oficial da marca, que, como o rótulo, é pobre em informações. Continuei sem saber de onde vem a "mais cristalina água", quais são os "dois lúpulos importados da Baviera", qual é esse "fermento proveniente do maior centro cervejeiro em Munique" (e que centro é esse?) e mais especificações sobre os "100% de maltes especiais". Sem falar no porquê de a Cervejaria Premium ser citada como "uma das mais modernas fábricas do Brasil". A princípio, não duvido de nenhuma dessas afirmações, apenas quero ser informado. Por fim, uma mancada no rótulo: esqueceram de incluir o fermento na descrição dos ingredientes; consta apenas água, malte e lúpulo!

No final das contas, resta saber sobre a qualidade do que está dentro da garrafa, mas é preciso que o fabricante cuide desses "detalhes", afinal, trata-se de um produto especial, destinado a público (teoricamente) mais exigente e bem informado.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Novos sabores brasileiros em Mauá



Yuca Gourmet/Divulgação

Outra inauguração recente foi a do Yuca Gourmet, em Visconde de Mauá (RJ), divisa com Minas Gerais. O restaurante, dedicado sobretudo a reinterpretação da cozinha brasileira (o que inclui ingredientes e receitas), é comandado pelo jovem casal de chefs Dalton Rangel e Mariana Palmeira. Para quem ainda não associou o sobrenome dele a cidade: Dalton é filho da Mônica Rangel, talentosa e competente chef do ótimo Gosto com Gosto, apontado há anos pelo Guia Quatro Rodas como o melhor reduto de comida mineira no país - pois é, ele fica a 200m da fronteira de Minas com Rio, mas do lado fluminense... Estive lá uma única vez, durante o tradicional festival gastronômico do pinhão, e pude comprovar: ela é mesmo muito boa de cozinha! Me lembro de ter trazido para casa várias linguiças ótimas que ela faz lá no restaurante. Sem falar no marido dela, o Cláudio, apaixonado por cachaças e uma simpatia de pessoa! Tudo deixou saudades.

Voltando ao Yuca Gourmet: Dalton e Mariana se conheceram no reality show gastronômico Super Chef, comandado pela Ana Maria Braga, na TV Globo. Ambos chegaram perto de vencer, mas foi o belo-horizontino Henrique Gilberto quem levou a melhor. Mas Dalton fez bonito e ficou em segundo lugar, impulsionado por uma receita de bacalhau que foi aprovada por unanimidade: lombo do peixe confitado com cebola pérola e batata calabresa, guarnecido com purê de abóbora, farofa de broa e emulsão de pimenta biquinho.

O prato está no cardápio do Yuca, bem como uma série de outros pratos que parecem deliciosos, como ragu de rabada com nhoque à romana e pesto de orapronóbis; turnedô de filé mignon de sol em crosta de pinhão ao molho béarnaise acompanhado por musseline de mandioca e queneles de banana da terra; e risoto de carne seca com abóbora e castanha de caju servido na mini abóbora. Além de outras sabores locais, o que inclui receitas com truta, cogumelos e fondue, já que o frio da região convida. O restaurante fica na Rua Wenceslau Braz, 136, em Visconde de Mauá (24 3387-1108). Ao que parece, bem próximo do Gosto com Gosto - mamãe deve ficar de olho!

Ah, yuca quer dizer mandioca - em língua indígena?

Boa sorte ao casal!

Zoológico no botequim


Guto Bertagnolli
Acabo de ficar sabendo pelo Felipe Viegas (da Bier Gourmet) que o Prado ganhou recentemente um novo bar. O nome é Rima dos Sabores e a especialidade são as carnes exóticas, servidas em petiscos e pratos. Exemplos: jacaré ao molho de damasco, perna de rã com chantilly de mostarda e avestruz ao molho gorgonzola. A carta de cervejas é da Bier Gourmet, que vem assinando cada vez mais seleções do tipo em cardápios da cidade. A casa fica na rua Esmeralda, 522 - a mesma rua do ótimo Agosto Butiquim. Visitarei em breve.

domingo, 5 de julho de 2009

Portugal - Hora do almoço





A pequena dose de ginjinha e a caminhada pelo Rossio e seus belíssimos arredores ajudaram a abrir o apetite. A ideia era escolher a dedo um lugar especial (e que coubesse no orçamento apertado de jornalista sul-americano) para almoçar no mágico dia livre em Lisboa. Opções não faltavam, mas é bom alertar que a quantidade de restaurantes com cara de "pega-turista" na rua das Portas de Santo Antão (uma das principais da área) é grande. O melhor a fazer é seguir a intuição e as indicações de amigos e de bons guias de viagem, como o excelente Rough Guide Directions Lisboa, que foi muito útil, preciso e fácil de consultar. Recomendo.

Vários restaurantes de Lisboa têm vitrine na entrada. Elas exibem, quase que invariavelmente, peixes, frutos do mar e patas de porco. Um verdadeiro convite para o pedestre! Na maioria desses lugares o tamanho dos crustáceos impressiona. Entre os maiores estão os camarões-tigre, trazidos da costa de Moçambique. São realmente enormes. E olha que esses aí embaixo nem são dos maiores...


Inclusive, durante a viagem ouvi dizer que onde há boas mangas, há camarões grandes. Independente de ser verdadeira, essa pérola da sabedoria popular lusa é boa!
Também muito comuns em restaurantes lisboetas são os aquários, que literalmente mantêm viva a matéria-prima. O excelente Solar dos Presuntos, onde almoçamos, é um deles. Reparem no tamanho do caranguejo a direita - tenho quase certeza de que se trata de um crustáceo chamado de sapateira em Portugal.



A casa tem duas vitrines: uma com esse imenso aquário e outra com uma bela pata de presunto de porco preto. Sim, presunto cru português! Para quem não sabe, não é só na Espanha e na Itália que se pratica a arte de curar patas de porco. Portugal também tem seus porcos pretos criados em liberdade e alimentados com bolotas. O presunto cru deles também é soberbo e não deve absolutamente nada aos dos demais países europeus.

À medida que a hora do almoço se aproxima, os pratos com fatias do extraordinário pata negra lusitano se multiplicam na vitrine.


Vejam só a festa que é possível ser feita com 25 euros por cabeça:
- Prato com fatias de presunto pata negra (o guia informa que vem da região do Minho; antes de comprovar seu sabor fantástico, atingi o nirvana sentindo o seu aroma por alguns segundos), paio português (saboroso e totalmente diferente do primo brasileiro que integra a feijoada) e o fabuloso queijo São Jorge (feito na ilha homônima, no arquipélago dos Açores), que apesar de ser tão emblemático no país quanto o mítico Serra da Estrela, eu não a fazia a menor ideia de que existia. Doce, picante e intenso. Uma das boas descobertas da viagem.


- Cesta de pães fresquíssimos e quentinhos, que foi muito gentilmente (pois foi sem acréscimo na conta!) reabastecida tão logo uma nova fornada saiu da cozinha. Todos deliciosos.


- Uma garrafa do leve e refrescante vinho verde de Monção, de uma pequena cooperativa de produtores. Geladinho e por 9 euros, não poderia ter havido melhor opção.


- Bacalhau à Gomes de Sá era o prato do dia (mais em conta do que o restante, portanto; 15 euros). Uma verdadeira pratada de bacalhau, cebolas docinhas, batatas coradas e macias, algumas tiras de pimentão vermelho, azeitonas verdes, ovos cozidos e salsa. Aparentemente, não há em Portugal o hábito de se comer com uma garrafa de azeite ao lado, como vem ficando cada dia mais comum no Brasil. Pudera: a travessa chega à mesa com boa quantidade de azeite quente. O bacalhau veio do jeito que eu gosto: dourado por fora, textura preservada e pouco sal. Memorável.


- Água, um pires de azeitonas verdes e 10% de serviço. Bastante justo, não? Digamos que 25 euros equivalem a cerca de R$ 70. Quanto é que a gente anda pagando mesmo por um único prato principal (individual) num bom restaurante brasileiro?

Isso sem falar no atendimento eficiente e simpático do garçom que nos atendeu, o Sr. Malagueira:


Para terminar, mais alguns cliques feitos lá no Solar dos Presuntos. O homem à frente da casa, Sr. Evaristo (depois de tudo o que comi lá, não é difícil entender porque estampa um sorriso tão gostoso como esse no rosto):



Peixes frescos chegando e sendo exibidos com o maior orgulho (essa atitude é coisa linda de se ver):



Nem só de vinhos de 9 euros vive a adega local:



Acho que nunca vi lagostas dessa cor:



A vitrine de sobremesas:



A cozinha:



quarta-feira, 1 de julho de 2009

Portugal - O dia que nunca acaba

Cheguei ao hotel bem cedo, por volta das 7h3o (hora local). A própósito, o hotel - Tivoli, na avenida Liberdade, ponto estratégico - é lindo, elegante e confortável. Merece tempo para ser melhor explorado do que numa curta viagem a trabalho. O quarto é de um conforto e bom gosto incríveis. A equipe é simpática e altamente eficiente. Só para dar uma ideia, na véspera da viagem de volta, de madrugada, um dos funcionários reapareceu em menos de dez minutos com minhas centenas de garrafas e potes de vidro perfeitamente embalados em plástico bolha. Sem falar em cada vez que chegava da rua e encontrava cartas muito gentis escritas a mão, acompanhando docinhos, frutas frescas, água mineral nórdica e vinho do porto (muito obrigado, Sr. Rui de Sousa e Sra. Sofia Rodrigues!). Até livro sobre a história desse primoroso hotel eu ganhei.

Bom, foi a conta de deixar as malas no quarto e partir para uma bela caminhada que só terminou por volta das 20h (detalhe: nessa época, o sol só se põe por volta das 21h!). A manhã e a tarde foram totalmente livres, visto que o único compromisso do dia era à noite: jantar no restaurante Terraço, no próprio hotel, para conhecer as novidades implantadas pelo chef Luís Baena. Como só havia estado em Lisboa uma única vez e de passagem, o passeio veio a calhar!


A temporada é de caracois (que só fui comer no dia seguinte, no Alentejo). Não é difícil encontrar saquinhos como esse pendurados do lado de fora dos restaurantes, anunciando o produto da estação:


Saí com uma ideia fixa na cabeça: conhecer a Conserveira de Lisboa (Rua dos Bacalhoeiros, 24, entre a Baixa e Alfama, perto da Casa dos Bicos e do rio Tejo), loja especializada em todo tipo de peixes e frutos do mar enlatados. Repito: TODO TIPO. O endereço estava anotado, mas acabei dando de cara com a loja sem querer. Baita sorte! Aberto em 1930, o lugar é minúsculo em função da variedade de latinhas: vai da sardinha em óleo ao bacalhau assado com alho, passando por cavala defumada, lula, polvo, carapau (peixe pequenino), mexilhão, ovas, atum e por aí vai. Imperdível! As mais baratas custam cerca 1,50 euro, mas, em geral, não passam de 4 euros. Trouxe umas dez na mala. À medida que for experimentando, vou contando aqui.





Eis Dona Manuela, esbanjando simpatia para a foto! Ela embala manualmente lata por lata!


Em seguida, parada no realmente minúsculo A Ginjinha (Largo de São Domingos, 8, Rossio), misto de bar e loja onde, como o ótimo Rough Guide de Lisboa descreve, "só há espaço para entrar, beber um copo e sair para a rua para ver a cidade sob uma nova luz". A ginja é uma fruta típica de Portugal, bem pequena, menor que uma cereja. A ginjinha é o licor feito com ela. Recomenda-se beber com a ginja no copo, que boia na superfície. Bebe-se o licor, come-se a fruta, cospe-se o caroço. Mais uma dose!



Aí está a garrafa que trouxe, sendo embrulhada pelo sujeito com cara de poucos amigos:


Na Casa do Alentejo (Rua das Portas de Santo Antão, 58, Rossio) funciona um centro cultural que divulga as tradições da região e um restaurante típico. Não almocei lá, mas a beleza do lugar é digna de registro. A arquitetura e os detalhes valem a visita.



A saber: o Alentejo é a região portuguesa que mais sofreu influência dos árabes. Está na arquitetura, na comida, nos nomes, nas pessoas.



Portugal - A ida passa voando...

Pois bem. Vamos a minha viagem a Portugal. Como um dos objetivos dela era conhecer os serviços de bordo da TAP para a classe executiva, o relato começa no avião. Mal acomodei as malas no bagageiro, a ultra simpática e solícita tripulação apareceu oferecendo espumante - nada mal, hein?! Sei que este blog trata de gastronomia, mas não posso deixar de elogiar a qualidade do serviço e o nível de conforto da executiva da TAP. É de tirar o chapéu. Para não me delongar no assunto, vou me limitar a um único exemplo (uma imagem vale mais que mil palavras):



O cardápio da ida foi assinado pelo chef Danio Braga (criador da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança). Definitivamente, em alguns momentos eu quase me esqueci que estava num avião. Não é para menos: jantar em etapas, pães decentes (quentinhos e macios), vinhos à escolha, queijos antes da sobremesa e por aí vai. Por acaso esse confit de coxa de pato com mandioca ao molho de laranja tem cara de comida de avião?


Sim, os queijos antes da sobremesa existem de verdade! E com um necessário vinho do porto e café (expresso) no final.



Com esse nível de regalia (filmes variados, seleção musical de primeiríssima, jornais, revistas, poltrona que vira cama e tripulação sorridente - sem falar na comida e nos vinhos), as nove horas de vôo entre BH e Lisboa passam - literalmente - voando...