domingo, 5 de julho de 2009

Portugal - Hora do almoço





A pequena dose de ginjinha e a caminhada pelo Rossio e seus belíssimos arredores ajudaram a abrir o apetite. A ideia era escolher a dedo um lugar especial (e que coubesse no orçamento apertado de jornalista sul-americano) para almoçar no mágico dia livre em Lisboa. Opções não faltavam, mas é bom alertar que a quantidade de restaurantes com cara de "pega-turista" na rua das Portas de Santo Antão (uma das principais da área) é grande. O melhor a fazer é seguir a intuição e as indicações de amigos e de bons guias de viagem, como o excelente Rough Guide Directions Lisboa, que foi muito útil, preciso e fácil de consultar. Recomendo.

Vários restaurantes de Lisboa têm vitrine na entrada. Elas exibem, quase que invariavelmente, peixes, frutos do mar e patas de porco. Um verdadeiro convite para o pedestre! Na maioria desses lugares o tamanho dos crustáceos impressiona. Entre os maiores estão os camarões-tigre, trazidos da costa de Moçambique. São realmente enormes. E olha que esses aí embaixo nem são dos maiores...


Inclusive, durante a viagem ouvi dizer que onde há boas mangas, há camarões grandes. Independente de ser verdadeira, essa pérola da sabedoria popular lusa é boa!
Também muito comuns em restaurantes lisboetas são os aquários, que literalmente mantêm viva a matéria-prima. O excelente Solar dos Presuntos, onde almoçamos, é um deles. Reparem no tamanho do caranguejo a direita - tenho quase certeza de que se trata de um crustáceo chamado de sapateira em Portugal.



A casa tem duas vitrines: uma com esse imenso aquário e outra com uma bela pata de presunto de porco preto. Sim, presunto cru português! Para quem não sabe, não é só na Espanha e na Itália que se pratica a arte de curar patas de porco. Portugal também tem seus porcos pretos criados em liberdade e alimentados com bolotas. O presunto cru deles também é soberbo e não deve absolutamente nada aos dos demais países europeus.

À medida que a hora do almoço se aproxima, os pratos com fatias do extraordinário pata negra lusitano se multiplicam na vitrine.


Vejam só a festa que é possível ser feita com 25 euros por cabeça:
- Prato com fatias de presunto pata negra (o guia informa que vem da região do Minho; antes de comprovar seu sabor fantástico, atingi o nirvana sentindo o seu aroma por alguns segundos), paio português (saboroso e totalmente diferente do primo brasileiro que integra a feijoada) e o fabuloso queijo São Jorge (feito na ilha homônima, no arquipélago dos Açores), que apesar de ser tão emblemático no país quanto o mítico Serra da Estrela, eu não a fazia a menor ideia de que existia. Doce, picante e intenso. Uma das boas descobertas da viagem.


- Cesta de pães fresquíssimos e quentinhos, que foi muito gentilmente (pois foi sem acréscimo na conta!) reabastecida tão logo uma nova fornada saiu da cozinha. Todos deliciosos.


- Uma garrafa do leve e refrescante vinho verde de Monção, de uma pequena cooperativa de produtores. Geladinho e por 9 euros, não poderia ter havido melhor opção.


- Bacalhau à Gomes de Sá era o prato do dia (mais em conta do que o restante, portanto; 15 euros). Uma verdadeira pratada de bacalhau, cebolas docinhas, batatas coradas e macias, algumas tiras de pimentão vermelho, azeitonas verdes, ovos cozidos e salsa. Aparentemente, não há em Portugal o hábito de se comer com uma garrafa de azeite ao lado, como vem ficando cada dia mais comum no Brasil. Pudera: a travessa chega à mesa com boa quantidade de azeite quente. O bacalhau veio do jeito que eu gosto: dourado por fora, textura preservada e pouco sal. Memorável.


- Água, um pires de azeitonas verdes e 10% de serviço. Bastante justo, não? Digamos que 25 euros equivalem a cerca de R$ 70. Quanto é que a gente anda pagando mesmo por um único prato principal (individual) num bom restaurante brasileiro?

Isso sem falar no atendimento eficiente e simpático do garçom que nos atendeu, o Sr. Malagueira:


Para terminar, mais alguns cliques feitos lá no Solar dos Presuntos. O homem à frente da casa, Sr. Evaristo (depois de tudo o que comi lá, não é difícil entender porque estampa um sorriso tão gostoso como esse no rosto):



Peixes frescos chegando e sendo exibidos com o maior orgulho (essa atitude é coisa linda de se ver):



Nem só de vinhos de 9 euros vive a adega local:



Acho que nunca vi lagostas dessa cor:



A vitrine de sobremesas:



A cozinha:



2 comentários:

  1. Eduardo, que delícia! Mandei o link para o Mauro, tenho certeza q. ele vai adorar. Obrigada pela simpatia e o café de hoje a tarde. JuSaad

    ResponderExcluir
  2. Oi, Ju!

    Eu é que agradeço pela ótima visita surpresa! Apareça sempre que quiser e precisar! "A novela Portugal" continua!

    Depois procure pelo link em que dou as receitas do cappuccino de funghi e da sopa de brie do Mauro. Mande um grande abraço para ele!

    Abraços

    ResponderExcluir