segunda-feira, 29 de junho de 2009

A comida de um chef de chinelos


Antes de começar a contar como foi a viagem a Portugal, volto aqui para comentar o jantar do chef espanhol Joan Borràs na última sexta, dia 26, no Instituto Inhotim, abrindo o último fim de semana do projeto Sabor e Saber. Borràs é o chef que "devolveu" a estrela que recebeu do Guia Michelin, depois de optar por um estilo de vida menos estressante. Se mudou para o interior da Espanha em busca de qualidade de vida, mas continuou passando o dia inteiro na cozinha do seu restaurante, o Hostal Sant Salvador. A gota d'água foi a retirada de um tumor da cabeça - cirurgia à qual sobreviveu sem sequelas. Hoje, ele atende apenas a uma mesa por noite! Cá entre nós: exclusividade também é um marketing e tanto! Falei rapidamente sobre ele em outro post, que contém, inclusive, link de entrevista que concedeu a imprensa espanhola sobre o assunto.

Hoje ele parece um chef despojado (reparem nos pés):

Sim, são chinelos de couro!

Antes do jantar preparado por ele, houve degustação super informal de cavas, tintos e brancos na recepção. Demorou um pouco até que as pessoas perdessem a vergonha de rasgar os pães com as mãos e esfregar neles tomate fresco e alho e gotejar azeite por cima, como fazem os catalães.



Mas o que mais chamou a atenção na chegada foram as bisnaguinhas com cremes de tomate, alho, manjericão e queijo de cabra, imitando tubinhos de tinta. Ótima ideia, além de ter tudo a ver com a desejável ligação entre arte e gastronomia proposta pelo evento. Trouxe uma para casa - espero que resista até sexta!



A nossa boa e velha broinha de fubá - quem diria! - foi parar no couvert e acompanhada por cavas!




No geral, as entradas me agradaram mais do que os pratos, a começar por esse delicado mil-folhas de foi gras com flor de sal, maçã verde, torrada e flores:



Mesmo caso do potente arroz "caldoso" de açafrão com lagosta:


E do ainda mais potente creme de batata com ovo trufado. Algo de encher a boca, literalmente:



Na sequência, os pratos principais. A combinação de bacalhau com grão de bico é clássica e estupenda, mas o peixe saiu (para o meu gosto) salgado além da conta. Reparem no "bacon" que está apoiado no lombo: é a pele do bacalhau.




Já o jarret de vitelo, cozido durante horas a baixa temperatura, praticamente dispensava acompanhamentos com sua textura e seu próprio molho. Àquela altura, acompanhamentos só seriam bem vindos se fossem realmente indispensáveis...



A primeira sobremesa - sopa fria de morango com hortelã - teria ficado melhor se tivesse ficado menos doce.



Por fim, a "banana tatin" conservava certa acidez, característica que se mostrou interessante diante da densidade do creme catalão com baunilha.



Quando estava indo embora de lá, ouvi uma possível má notícia para os mineiros: há possibilidade de que a próxima edição do Sabor e Saber aconteça somente em São Paulo. Uma pena! Fico na torcida para que continue aqui! Como passei quase toda semana passada fora, não tive oportunidade de acompanhar a programação de palestras, cursos e degustações na Faculdade Estácio de Sá, mas, sem dúvida, trata-se de inciativa da maior importância para o desenvolvimento da gastronomia na cidade e para a afirmação de Belo Horizonte e Minas Gerais no cenário nacional. Vamos ver no que vai dar.

sábado, 27 de junho de 2009

Saudades do Tejo...

Peço desculpas pelo longo período sem postagens, mas andei totalmente sem tempo nos dias que antecederam minha viagem a Portugal. Fui no domingo passado, dia 21, e voltei anteontem, dia 25. Estive em Lisboa e cidades do Alentejo a convite da TAP, que acaba de lançar Prato da Boa Lembrança assinado pelo chef Vitor Sobral e vinho do enólogo Paulo Laureano (ambos portugueses). Os dois itens serão oferecidos em breve para passageiros da classe executiva em alguns vôos para o Brasil e Luanda - Belo Horizonte, com seu ótimo vôo direto para a "terrinha", não ficou de fora. É como nas casas que fazem parte da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança: o passageiro que escolhe o prato indicado, leva a cerâmica decorativa para casa. Andam chamando isso de "restaurante que voa"! A saber: bacalhau de caldeirada com hortelã, batatas e pimentões. Já o vinho do Paulo é o Antão Vaz Chef's Collection, branco da região da Vidigueira desenvolvido por ele e Vitor. Uma bela dupla.

Nos próximos dias, começarei a postar em capítulos o dia a dia dessa viagem maravilhosa e extremamente gastronômica, que recomendo fortemente a todos que gostam de comer e beber bem. Inclusive, esses capítulos se estenderão ao longo dos próximos meses, à medida que for experimentando os vinhos, licores, azeites, vinagres, azeitonas, conservas, embutidos, queijos e sais que trouxe na mala!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Leitão do Luiz em BH

Quem acompanha o festival de gastronomia de Tiradentes sabe que o evento tem suas "marcas registradas": o leitão do Luiz, a paella na praça, o costelão no fogo de chão... São eventos que tradicionais, realizados ano após ano e que costumam atrair grande público. No último domingo deste mês, dia 28, Luiz Ney, o autor do famoso leitão da pousada Villa Paolucci, vai preparar essa especialidade na recém-inaugurada pizzaria Antoine (Rua Cláudio Manoel, 778, Savassi, 31 2526-0608). Boa oportunidade para quem não conhece ou deseja matar as saudades do porquinho que é feito seguindo receita peculiar.


Marcílio Gazzinelli/Divulgação
O que chama mais a atenção no modo de preparo do leitão do Luiz é a maneira como é pururucado. O efeito crocante da pele é obtido com a aproximação de um bastão de cerâmica aquecido a 800ºC. O calor intenso faz a pele pipocar na hora. A engenhoca foi desenvolvida pelo próprio Luiz, provavelmente inspirado pelo modo como o avô obtinha esse resultado quando preparava leitão à pururuca em sua fazenda em Capela Nova, aproximado o leitão de um braseiro forte. Me parece que o pururucador já foi até patenteado!

O almoço que Luiz vai preparar em BH terá o leitão à pururuca como destaque, precedido por petiscos (torresmo, mandioca frita, lingüiça e pães) e servido com salada, arroz, feijão tropeiro, tutu de feijão e couve. Para sobremesa, torta romeu e julieta, pé de moleque mole e doce de leite com queijo. R$ 70 por pessoa.

Passeio pelo Mercado Central

Os chefs espanhóis da segunda edição do projeto Sabor e Saber chegaram a BH no início da semana. Eles farão jantares no Instituto Inhotim e participarão de palestras, degustações e cursos na Faculdade Estácio de Sá. Hoje será a vez de Jordi Juncà (Ca l'Enric) e do mineiro André de Melo, coordenador gastronômico do projeto. Amanhã, de Paco Pérez (Miramar). Já escrevi sobre o assunto aqui no blog, mas resolvi retomá-lo em função das belas fotos que registram a visita deles ao Mercado Central e que recebi recentemente. O mercado é um lugar que adoro visitar e que fascina os turistas. Por isso não é difícil entender as expressões de encantamento que o fotógrafo Bruno Magalhães, da Agência Nitro, conseguiu capturar.



Paco Pérez, esse é o caju! Caju, esse é Paco Pérez!


Jordi Juncà tomando aquele que, provavelmente, foi o melhor e mais barato suco de manga de sua vida.


Essa goiaba devia estar mesmo muito cheirosa, hein, Paco? O de vermelho é André de Melo.


Paco conhecendo o umbigo de bananeira, ingrediente comum interior de Minas afora.


Jordi e Paco numa das bancas de temperos do mercado.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Cerveja light. Será que pega?




Acabei de receber este e-mail:

Cerveja light é lançada na Brasil Brau 2009
A Svetly possui 30% a menos calorias que uma cerveja normal

Para quem quer manter a forma sem abandonar a tradicional cerveja de fim de semana, chega ao Brasil a Primator Svetly Light. Produzida pela Primator - uma das principais cervejarias da República Tcheca - a Svetly Light tem médio teor alcoólico (4%). A Svetly possui 30% a menos calorias que uma cerveja normal. A bebida será lançada na Brasil Brau 2009 - X Feira Internacional de Tecnologia em Cerveja, de 23 a 25 de junho, em São Paulo, através da importadora ImportBeer, que distribuirá o novo produto nas praças São Paulo, Rio, Minas, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Essa será a nona cerveja da Primator a chegar ao mercado brasileiro.


E então, pega ou não pega?

Bebendo a pé em BH

Vejam só que ideia inusitada: botequeiros da cidade se reunirão neste sábado, dia 20, para fazer uma "caminhada etílica". O grupo, chamado Ambebumlante, se encontrará de manhã no Bar do Antônio (o Pé de cana, no Sion) e passeará por circuito já definido, visitando outro 10 bares, até chegar no Chopp da Fábrica (Santa Efigênia). Serão cinco quilômetros em sete horas. Cada um terá um adesivo de identificação do grupo e uma caneca para tomar cerveja nos bares, mas só em alguns serão servidos petiscos. Está programado um "rango" na última parada, o Chopp da Fábrica. Parece que as inscrições foram encerradas.

O itinerário:
11:30 - Concentração no Bar do Antônio, Rua Flórida, 15
12:00 - Início dos trabalhos etílicos
12:30 - Início da caminhada, rumo ao Bar do Paulinho, Rua Pium-I, 1.180
13:15 - Partida para o Bar da Neca, Rua Pium-I, 690
14:00 - Partida para o Botequim da Esquina, Rua Vitório Marçola, 160
14:45 - Partida para o Nonô, Rua Campanha, 11
15:30 - Partida para o Maria Gelada, Rua Antônio de Albuquerque, 127
16:15 - Partida para o Dalva, Rua Ceará, 1568 (praça ABC)
17:00 - Partida para o Barbazul, Av. Getúlio Vargas, 216
17:45 - Partida para o Brasil 41, Av. Brasil, 41
18:30 - Partida para o Chopp da Fábrica, Av. do Contorno, 2.736

Só uma pergunta: essa gente toda vai voltar a pé?

terça-feira, 16 de junho de 2009

Com a palavra, Rodrigo Oliveira, do Mocotó (SP)



Luna Garcia/Divulgação

Filho do pernambucano José Oliveira de Almeida, o paulistano Rodrigo Oliveira tomou as rédeas do Mocotó há aproximadamente cinco anos e, de lá para cá, fez da casa uma das mais comentadas de São Paulo. Ele está no topo e chegou lá percorrendo a trilha aberta por seu pai, quando abriu o Mocotó, há 35 anos: comida do sertão pernambucano. Rodrigo estará no Albano's na próxima terça-feira, dia 23, para preparar pessoalmente algumas receitas que executa no Mocotó. Daí em diante, a mocofava (mocotó com favada, um dos pratos mais famosos da casa), os dadinhos de tapioca com queijo coalho e as torradinhas de carne de sol, ao que parece, continuarão sendo servidos por tempo indeterminado. Conversei com ele ontem para fazer matéria que estará na edição do caderno Divirta-se dessa sexta, dia 19. A seguir, a íntegra do nosso papo.


Como explica o sucesso do Mocotó?
Se eu soubesse direitinho, teria mais uns dois ou três restaurantes, para aposentar mais cedo. (risos) O fator chave é confiança. Fazer bem uma vez, todo mundo faz. Mas todo dia, contra qualquer adversidade e sem cansar nem deixar a peteca cair, é outra coisa. O fator determinante é trabalho, estar lá todos os dias fazendo isso com paixão. Está no nosso sangue. Meu pai começou o Mocotó há 35 anos e eu já estou lá há 14.

Como você assumiu a casa?
Estudava gestão ambiental e conheci uma pessoa que estudava gastronomia. Não entendia o que era aquilo e, desse contato, fui lendo, pesquisando, me envolvendo cada vez mais até que decidi largar o curso e fazer gastronomia. Até então, trabalhava no Mocotó lavando prato, limpando o chão e atendendo mesas. Quando meu pai viajou para Pernambuco, assumi a casa e comecei uma pequena revolução. O botequinho de 10 mesas virou um restaurante muito bem freqüentado.

Seu pai gostou do que viu na volta?
Nada! Ficou bravo demais. Tomou um susto e eu, uma bronca.

Você estagiou em outros restaurantes?
Durante a faculdade, não consegui estagiar porque já trabalhava. Depois, recebi convite do chef Laurent Suaudeau, que é uma pessoa extraordinária e foi meu primeiro mentor. Depois, passei pelo Pomodori, do Jefferson Rueda e Rodrigo Martins. Lá eu aprendi demais. Foi meu primeiro contato com um restaurante de verdade, pois na época eu não considerava o Mocotó merecedor desse título. Foram as experiências mais marcantes.

Você também trabalhou com a chef Mara Salles, do Tordesilhas?
Na verdade, não. O Tordesilhas foi o primeiro restaurante que visitei. A Mara é e sempre foi inspiração para o meu trabalho. Nosso contato foi se estreitando cada vez mais e hoje a gente faz bastante coisa juntos, se visita, troca ideias. Hoje dividimos o mesmo espaço e a mesma atenção. Para mim, é uma honra enorme.

No Mocotó existem diretrizes específicas para criação de pratos?
São algumas. Primeiro: a comida não pode ser cara, temos de ser um restaurante democrático. Também temos de colocar a cozinha nordestina em primeiro plano. A pessoa olha para o cardápio e sabe do que se trata. É cozinha nordestina e, mais especificamente, sertaneja. Não uso ingredientes importados ou coisas que não façam parte do nosso universo. Mas não sou contra quem faz isso. Forço a retirada do máximo que temos a disposição do nosso sertão. Procuro incorporar intensamente técnicas e equipamentos para tirar o máximo dos ingredientes.

Como equilibra isso?
Exemplo bom é o da carne de sol, que é uma linha mestra para mim. O preparo tradicional é assado: ela fica suculenta, mas não tão macia. Já a carne de sol cozida, com aquela parte cartilaginosa gelatinizada, perde boa parte do suco, seja no cozimento, seja na finalização em forno ou brasa. Como juntar o melhor dos dois mundos sem desvirtuar a carne de sol? No restaurante, ela é salgada, maturada em temperatura controlada, seca numa estufa, embalada a vácuo, cozida a baixa temperatura e finalizada no forno. Esse é o nosso entendimento de como são as melhores características de uma carne de sol.

De onde vêm os produtos usados no restaurante?
Temos a sorte de estar na maior capital do Nordeste, que é São Paulo. A colônia é muito forte aqui e praticamente nada a gente tem de trazer direto de lá. Já existe tudo no mercado daqui. Temos grandes parceiros que atendem a gente há 10, 20, 30 anos.

Seu pai ainda trabalha no Mocotó?
Trabalha e todos os dias. É o único que não folga nunca. O Mocotó é a casa dele, é muito apegado. Não se permite estar longe. Tem que estar lá, tem que cuidar e estar por perto. Para mim isso é ótimo e não só é saudável para ele, como as pessoas adoram vê-lo. Ele não tem obrigação de cozinhar, mas está sempre separando as coisas de banco, fazendo pagamentos, olhando tudo, brigando comigo o tempo todo.

Você já foi até Mulungu (PE), cidade onde seu pai nasceu?
Claro. Vou desde pequeno. Sempre ia passar as férias escolares lá. Há dois anos fiz uma viagem de carro pelo Nordeste. Foi a grande viagem da minha vida. Saí de carro daqui de São Paulo, sozinho, e rodei uns 10 mil quilômetros durante 50 dias. Conversando com pessoas, indo a mercados, feiras, produtores. Cinqüenta dias de aventura. Voltei com ainda mais confiança de que estava no caminho certo. Infelizmente, não encontrei tantos restaurantes regionais com comprometimento com a raiz quanto eu imaginava. É muito difícil encontrar um restaurante regional, autêntico, que tenha consciência do seu papel e que use essa influência para promover bons produtores, bons produtos e mostrar a cozinha nordestina como se deve, e não algo grosseiro, pesado.

As mudanças que você promoveu no restaurante quando o assumiu, há cinco anos, desagradaram algum tipo de público?
Acredito que não. Temos clientes que vão a casa quando nem Mocotó era, quando ainda era Casa do Norte, empório de secos e molhados com balcão para venda de algumas cachaças e petiscos no fundo. E assim era o Mocotó originalmente: um emporiozinho. Por causa da fama de um prato - o caldo de mocotó -, tudo veio a seguir. Esse público que frequenta a casa desde o começo – nordestinos e descententes -, vai lá até hoje e ainda leva a família.

O fato de estar afastado de regiões nobres como Jardins e Itaim ajuda ou atrapalha?
Há prós e contras. Tem gente que reclama de dificuldade de acesso, que o restaurante é afastado e até fala de eu não poder cobrar tanto quanto um restaurante da zona sul. Nosso pessoal mora todo nas proximidades do restaurante e eu, no mesmo quarteirão. Meu pai, a duas quadras. A grande maioria vem andando de quarteirões ou bairros vizinhos. As pessoas que trabalham no Itaim, Moema e Jardins não moram nesses bairros. Enfrentam duas horas de trânsito para ir para casa. Esse é um dos grandes prós de estar na periferia. Você tem todo mundo por perto e se sente em casa. É o melhor lugar do mundo.

Vocês estão mesmo preparando um livro sobre o Mocotó?
Sim e vai ficar bem legal. Relutamos muito em aceitar convites de editoras, mas esse da Ediouro foi muito carinhoso e veio de pessoas muito especiais. Acabamos cedendo e estamos fazendo um livro com a nossa cara, contando a história do Mocotó, a história da nossa cozinha, muitas receitas, causos, pensamentos de cozinha. Será um belo material. Está tudo tão novo, tão no começo... Estou aprendendo tudo agora. Conheci esse mundo há pouquíssimo tempo e há menos tempo ainda consegui efetivamente me dedicar só a cozinha, me desvencilhando das outras obrigações do restaurante. Ainda estou estudando muito, quero aprender muito, estagiar. Será um registro desse momento, que é muito especial. Tudo indica que até novembro fica pronto.

Pretende abrir mais casas?
Tenho desejo enorme de abrir um café, mas um café sertanejo. A mesa de café da manhã nordestina é muito rica, mas muitas vezes mal apresentada e mal explorada. Canequinha de café com leite, café de coador adoçado com açúcar mascavo ou rapadura, tapioca feita na hora com requeijão do norte, queijo de coalho dourado, macaxeira cozida bem molinha, cuscuz, ovo caipira, bolo de rolo, bolo de souza leão. Essa mesa me encanta e é a refeição que mais me dá prazer. Tem tudo o que eu gosto. Já temos um ponto em observação, na própria Vila Medeiros. Já recebemos convites para abrir outro Mocotó em vários pontos da cidade e em várias capitais, mas seria fazer mais do mesmo. Ainda há tanto o que cuidar no Mocotó... Cuidar. Essa é a palavra! Fazer mais uma casa e dividir esses esforços, que já são tão escassos, não me parece uma boa ideia. O Mocotó ainda tem muito o que evoluir. Apesar de ter 35 anos de idade, o Mocotó é um bebezinho ainda. Esse novo momento tem cinco anos. Novos projetos virão, mas no momento é o Mocotó que receberá toda a nossa atenção.

domingo, 14 de junho de 2009

Acarajé, moqueca e iogurte

A tarde relativamente fria de hoje me despertou desejo de algo quente, reconfortante. Decidi visitar novamente a Baiana do Acarajé (Rua Antônio de Albuquerque, 440, Savassi, 31 3264-5804), para conferir se a casa continua oferecendo comida de bom custo benefício. Fui até a casa que os proprietários do bar homônimo, no mesmo quarteirão, abriram há não muito tempo. Mais espaçoso e confortável, o espaço atende melhor quem quer comer com tranquilidade, já que no bar o esquema é mesa de plástico, lotação máxima e o toda confusão e ruído próprios de um bar de calçada. Obviamente, espaços com finalidades distintas. Afinal, cerveja de garrafa gelada e acarajé ao ar livre têm seu valor. E como têm.

Mesa limpa, atendimento eficiente e um bom acarajé para começar. Na última vez, optei pela moqueca mista, com peixe e lula, servida borbulhante num alguidar de barro. Saborosa, deixou lembranças e não pesou demais no bolso. Tanto que voltei. Quase pedi bobó, mas fui de moqueca mista de novo. Desta vez, lagosta com ostra. Sem demora, o alguidar fumegante chegou à mesa, escoltado por arroz branco, farinha e um delicioso e incomum pirão. Tudo gostoso. Só acho que um pouco mais de atenção em relação ao cozimento do lagosta ajudaria a deixá-la mais macia. A Baiana do Acarajé continua valendo a pena.

A sobremesa deixei para saborear no recém-inaugurado Yogoberry, no Diamond Mall. Adoro iogurte - especialidade da casa - e, por isso, estava ansioso para conhecer o lugar. Branco e com forma bem parecida com a de um sorvete de casquinha, o iogurte é servido num potinho. É bem mais firme, porém. Ácido e doce, delicioso. O potinho menor custa R$ 6. Se quiser qualquer coisa além do iogurte puro, tem que pagar. Três ingredientes extras custam R$ 2 a mais. Um pouco caro, talvez. Mas vale a pena conhecer. Pedi potinho menor, com calda de maracujá, coco ralado e amêndoas laminadas. Adorei. Voltarei para experimentar o smoothie, iogurte batido que, segundo a funcionária me explicou, é uma espécie de milkshake.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Para quem acha que já viu tudo em lata

Outra extraordinária contribuição do amigo Daniel Camargos, que agora me apresenta link de página com comidas enlatadas de vários países. Selecionei as mais "diferentes", mas na origem há muito mais a explorar. Vamos lá:

Que tal começar com ovos de formiga tecelã?


Ou quem sabe um jacarezinho? É à moda cajun!


Há uns 20 anos, lembro que ter miolos à milanesa no almoço ou jantar não era algo extravagante quanto parece hoje. Mas acho que eram de boi, e não de porco. Note, na foto da direita, o círculo vermelho chamando a atenção para o nível de colesterol:


Será que você vai notar se o seu escondidinho for feito com carne de sol de tatu?


E se a salsicha do seu cachorro quente for de... peixe?


Sabores mais intensos te aguardam nessa lata de cobra defumada:


Essa aqui é demais: baleia ao curry!


Um escorpiãzinho torrado, bem crocante, deve cair bem com uma cerveja bem gelada...


Final em grande estilo: frango inteiro enlatado!


segunda-feira, 8 de junho de 2009

32 caldos na nova Mercearia do Lili



Pedro David/EM

A Mercearia do Lili mudou de endereço. Mas quem não estiver sabendo não terá problemas para encontrá-la, pois o bar foi transferido para o imóvel ao lado (Rua São João Evangelista, 696, Snato Antônio, 31 3293-3469). O proprietário, Dias, pagava aluguel há 18 anos e comprou a casa vizinha em 2004. Desde então, vem transferindo gradativamente o atendimento para não causar nenhum trauma na freguesia. Segundo ele, o clima (e a função) de mercearia forma mantidos. Inclusive, a casa continua abrindo de manhã bem cedo. A conferir.

Como de costume, o bar já incrementou suas opções de caldos para o inverno. Atualmente, Dias serve 32 variedades. feijão preto com bacalhau desfiado, pêra com frango, feijão branco com dobradinha, carioca (feijão preto, bacon, linguica calabresa, ovo e cheiro verde), napolitano (tomate, cebola, carne moída e creme de leite), bambá de couve, caldo verde, batata baroa, abóbora, mandioca, ervilha, inhame e lentilha são alguns deles.

Quero provar o de feijão preto com bacalhau!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Discutindo a relação...



Começa nessa segunda-feira, dia 8, projeto importante para a cena gastronômica brasileira. O objetivo do primeiro "Entre estantes e panelas", na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (Avenida Paulista, 2.073), em São Paulo, é estabelecer programação mensal de debates, palestras e mesas redondas sobre gastronomia, estimulando discussões e reflexões sobre a área. Sempre com entrada franca.

A primeira rodada terá como tema a pergunta "O que é cozinha brasileira?". Será uma mesa redonda com os chefs Alex Atala e Mara Salles, o sociólogo Carlos Alberto Dória e a antropóloga Lívia Barbosa, tendo como mediadora Suzana Barelli. Eis alguns temas dos próximos encontros: "Ingredientes e territórios", "Critica gastronômica, jornalismo e formação de público", "A culinária no cinema" e "Blogs de alimentação: encontro dos blogueiros do gosto".

A coordenação executiva é de Janaína Fidalgo (jornalista da Folha de S. Paulo) e a curadoria, de Dória e Atala.

Informações: (11) 3170-4033.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Sempre quis fazer esse nhoque...



Casa do Consumidor Santa Marina/Divulgação

A primeira vez que comi um nhoque de semolina (ou à romana) foi no restaurante Aurora. Adorei o sabor e a textura. O chef, Mauro Bernardes, gratinou o nhoque com farinha crocante de bacalhau e guarneceu o prato com um molho de limão de lamber os beiços. Um daqueles típicos pratos inesquecíveis. Recebi essa receita da Casa do Consumidor Santa Marina - ainda não testei, mas pretendo fazê-lo em breve.

Nhoque de semolina
(8 a 10 porcões individuais)

Ingredientes
2l de leite
160g de manteiga
1 1/4 xícara (chá) de farinha de semolina (360g)
200g de parmesão ralado
Sal a gosto
Pimenta-do-reino a gosto moída na hora
Noz moscada a gosto ralada na hora

Modo de preparo
Numa panela grande, aqueça o leite e metade da manteiga. Assim que ferver, acrescente a semolina, aos poucos, mexendo sempre com um batedor de arame. Depois que a semolina for incorporada, deixe cozinhar por 20 minutos mexendo de vez em quando. Tempere com metade do parmesão, sal, pimenta-do-reino e noz moscada. Coloque a massa em uma assadeira oval média antiaderente e deixe esfriar completamente. Desenforme sobre uma tábua, corte o nhoque com a ajuda de um cortador de massa (6cm de diâmetro e 4cm de altura). Corte cada nhoque ao meio no sentido horizontal e arrume-os na assadeira. Junte as aparas da massa, modele, corte e arrume na assadeira mais alguns nhoques. Repita a operação até acabar a massa. Derreta a manteiga restante, espalhe sobre os gnocchis arrumados, polvilhe o parmesão e leve ao forno (não preaquecido) a 200ºC, até gratinar.

Bar da Devassa em BH



Eduardo Aigner

Fonte segura me informou que BH ganhará ainda este ano um Bar Devassa. O ponto escolhido foi o cruzamento das avenidas Professor Morais e Getúlio Vargas, no Funcionários. O imóvel fica no último quarteirão da Professor Morais antes do cruzamento, no qual o Bar do Betinho (ex-Surubim na Brasa) chegou a montar espécie de loja de congelados e bebidas. Já tem até chef contratado, que é da cidade. Que venham as louras, morenas, ruivas e índias!