terça-feira, 13 de outubro de 2009

Muitos anos depois, no Tip Top

Remexendo fotos na máquina digital, encontrei duas que já deveriam ter sido postadas neste blog há muito tempo. Deveriam ter sido publicadas aqui na época em que o Tip Top comemorou seus 80 anos, em agosto deste ano. Estive lá fazendo matéria e aproveitei para fazer algo de que gosto muito: marcar a conversa para o início da tarde e chegar mais cedo, anonimamente, para almoçar. Sem paparicos. Pagando a conta. E assim foi feito.

O Tip Top é um bar, mas na hora do almoço, como convém a maioria dos restaurantes da cidade, há opções específicas para o horário, ou seja, pratos executivos. Mas não pedi nenhum deles, apesar de, pela descrição no cardápio, parecerem apetitosos. Queria os sabores autênticos da casa, queria as pedidas alemãs (eu sei, eu sei, os fundadores são uma tcheca e um romeno).

Confesso: a última vez em que estive lá foi com meu pai e eu ainda estava só no refrigerante. Mas provavelmente foi nas mesas do Tip Top que desenvolvi paixão pelas mostardas. Hoje sou tarado por elas. Papai sempre pedia salsichão para acompanhar a cerveja. As mostardas vinham junto. E eu lá, comendo da amarela e da escura.

Isso faz tanto tempo que nem dá para comparar os sabores da época com os que eu experimentei nessa última visita. Não seria nem justo. Afinal, a memória é traiçoeira e a nostalgia da infância mascara a realidade das lembranças. Enfim, comecemos do zero. Como meu almoço não podia demorar muito, fui objetivo: um salsichão para começar e servir de espera para o kassler, que seria meu almoço, de fato.



Ele chegou à mesa sem demora. Preferia eu mesmo tê-lo fatiado, mas tudo bem. Veio sem nenhum tipo de ornamento, tipo alface ou rodelas de cebola e tomate. Confesso que até prefiro assim, pois me incomoda a sensação de desperdício de alimento ou a "obrigação" de comê-lo para evitar o tal desperdício. Salsichão OK. Bom sabor. Sem surpresas. As mostardas continuam lá.

Devo elogiar a eficiência e cordialidade do garçom que me atendeu. Esqueci o nome dele, mas foi competente ao atender meu desejo (oculto de comparação jornalística): comer chucrute e salada de batata com o kassler. Ou era um, ou era outro. Mas ele soube me deixar satisfeito e propôs meia porção de cada. Quantas vezes os garçons não nos chateiam com inflexibilidades idiotas? Pois é.



O kassler chegou a mesa em duas belas peças e guarnecido do jeito que eu queria. Tudo saboroso, mas eu faria dois reparos por minha conta: deixaria o chucrute um pouco mais ácido (talvez esteja mais comportado para agradar ao tal "paladar da maioria") e condimentaria um pouco mais o amálgama da salada de batatas para torná-la menos tediosa. Como estava em pleno horário de trabalho, o chope ficou para a próxima.

E haverá próxima, pois quero experimentar o zegedinergulash (arroz cremoso com carne cozida, creme de leite e chucrute, servido com batatas e tiras de bacon), o rosbife de contrafilé e o spätzle (massa típica da Europa Central, que é feita na hora).

2 comentários:

  1. muito bem
    aproveita que descarregou o cartão da máquina e manda as fotos do aniversário do maminha
    abraço

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  2. Daniel,

    para cobranças pessoais, dirija-se ao guichê da editoria de cultura, por gentileza. Grato.

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