sexta-feira, 20 de março de 2009

10 anos de queijo na mala

Com um dia de atraso, volto aqui para comentar sobre minha ida ao jantar comemorativo de 10 anos da Osteria Mattiazzi. O chef e proprietário, o italiano Massimo Battaglini, preparou cardápio especial para a ocasião, servido ao longo desta semana. Mais importante do que falar desse e daquele prato, é registrar a presença significativa dessa figura na cidade. Como escrevi em minha matéria no Estado de Minas, considero Massimo um dos chefs pioneiros no estilo descontraído de se fazer gastronomia na cidade.

Sim, comemos (muito) bem em nossos inúmeros botecos há anos, mas restaurantes sempre foram tradicionais redutos de pompa e circunstância por aqui. Exceção são os para-raios de boêmios como a Cantina do Lucas e a Casa dos Contos, que pertencem a gênero um pouco distinto justamente em função de seus frequentadores. Além disso, Massimo se destacou em outros dois pontos: ajudou a movimentar a cena gastronômica da cidade promovendo festivais (com chefs estrangeiros, inclusive), participando de outros eventos da área e até ciceroneando turistas mineiros em viagens gourmet pela Itália; e, por fim, enriqueceu o paladar local trazendo constantemente produtos até então desconhecidos para o seu restaurante - o que continua fazendo ainda hoje. Até queijo escondido na mala ele já trouxe.

Sobre o jantar (estive lá na quarta-feira), digo com certeza que foi um dos melhores que já realizou para comemorar o aniversário da Osteria. A saber: todo ano ele comanda um festival desse tipo. Começou com pequenos canapés (figo com presunto cru; salmão com maracujá; caviar) e teve como entrada carpaccio de atum acompanhado por saborosas e crocantes lâminas de batata baroa. Em seguida, provei um pouco de cada opção de primeiro prato: nhoque com creme de bottarga e lagostins (infelizmente apenas com vestígios do crustáceo) e um gostoso tortelli de pêra ao vinho do porto com creme de gorgonzola (que substituiu dolcelatte, versão suave do gorgonzola, que estava em falta no mercado).

O prato principal foi carrê de vitelo em crosta de mel de castanheira com aspargos frescos (que, por descuido, não vieram envolvidos no azeite de trufa) e espeto de alecrim com batatas (um pouco murchas). O mel de castanheira (a árvore da castanha portuguesa), que Massimo trouxe da Itália e me fez conhecer puro no mesmo dia, é um ingrediente bastante interessante: o aroma é diferente do mel tradicional ao qual estamos familiarizados e o sabor, menos doce e levemente amargo, se revela precioso quando a intenção é conferir sutileza a receitas. Finalizei com sorvete de limão-siciliano servido no corpo da própria fruta, cujo fundo continha toque de frutas vermelhas.

Em tempo: Massimo adiantou que o congresso da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança deste ano será realizado em Tiradentes, pouco antes do festival de gastronomia da que a cidade histórica mineira promove anualmente em agosto. O chef, a propósito, se filiou a entidade ano passado.

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