domingo, 7 de fevereiro de 2010

"Agora somos eu e você"

Até poucas horas ainda estava sob o efeito do Mineirão. Não, o assunto não é futebol.

É sanduíche!

Pelas circunstâncias que caracterizam a madrugada, fui levado na virada de sábado para domingo a um lugar que ainda não havia visitado: Delta Burger (Rua Barão de Coromandel, 260, Caiçara, 31 3415-9596 / 31 3413-4227). Já o programa - traçar hambúrguer nas primeiras horas do dia -, não é exatamente algo corriqueiro para mim, visto que minha última vez num trêiler ou casa do gênero remonta aos saudosos carnavais pelo interior mineiro. Faz muito tempo. Além do mais, meu metabolismo já não é mais o mesmo daquela época.

Este post não é para falar mal, nem bem. Nem estou aqui para indicar o lugar. Só quero deixar registrado o que aconteceu. Entramos na casa, escolhemos uma mesa e pedimos o cardápio. Minutos antes, haviam me falado a respeito de um sanduíche de proporções bíblicas chamado Mineirão. Disseram se tratar de um upgrade em relação ao x-tudo. E era uma das especialidades da casa.

Fiquei indeciso. Estava curioso para experimentá-lo, mas temia me decepcionar com a mistureba de ingredientes. Queria topar o desafio, mas temia não dar conta do (grande) recado. Para se ter uma ideia, é o sanduíche mais caro do cardápio, custa R$ 10 - o hambúrguer básico sai por R$ 3,50. Todos já haviam cantado seus pedidos ao garçom. Indeciso, estava eu com o pé na janta de todos, amigos e garçom. Então, com a maior presença de espírito, o garçom olhou bem para mim com bloquinho e caneta em punho e disse: "Agora somos eu e você".

Aí não teve jeito. Não havia como dar um passo para trás. "Vou de Mineirão, então! Pronto!", falei. Poucos minutos depois, chegam a mesa os pedidos. Mesmo acomodado no mesmo saquinho de plástico branco dos demais sanduíches, o meu se destacava pelo tamanho. Era realmente descomunal... Não dispunha de máquina fotográfica para flagrá-lo, nem de régua para medi-lo, mas tive o cuidado de avaliar sua dimensão em dedos: sete, da base ao topo.

Pão, hambúguer bovino, picadinho de filé bovino, frango desfiado, ovo, bacon, presunto, queijo, catupiry, alface, tomate, milho e batata palha. É tanta coisa no mesmo sanduíche que é impossível fechá-lo. Permanece aberto, quase como um canapé. Incluir as duas metades do pão na mesma mordida é quase imposível. É tanto ingrediente junto que o ovo (o O-V-O, não o alface) quase passou despercebido. É um verdadeiro treino da atenção difusa, já que não há como prestar atenção num único ingrediente. Você morde um pedaço com bacon e logo vem o catupiry querendo roubar a cena. É como se fosse uma espécie de Arca de Noé da despensa da loja.

Saí vivo do Delta Burger e não senti nenhum efeito colateral. Absolutamente nenhum. Só que não consegui tomar café no dia seguinte. Concluí que é programa para quem quer adormecer sentindo algo além do que aquela sensação de conforto estomacal proporcionada pelas habituais comidas da madrugada.

12 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkk.......
    Endoidou moço?
    Só ia encarar se estivesse voltando do deserto.
    Neeeeeeeeemm pensar.
    Abração,
    Luciene Martins Rêgo

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  2. Luciene,

    esse sanduíche é só para profissionais. O negócio não é brincadeira.

    Abraços.

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  3. Gabriel,

    certas experiências gastronômicas tem quê saudosista, já reparou? Essa do sanduíche, a propósito, é um ótimo exemplo disso.

    Abraços.

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  4. Fala, Dudu! Em que pese a sua atoíce de casado sem filho, esse foi um dos seus melhores filhos, digo, textos. Muito divertidas e saborosas as metáforas, certamente concorrentes do próprio sanduíche. E fiquei com inveja. Estou light há tantas semanas que acho que já chegou a hora de eu ter um dia de macheza gastronômica, bem tosca e grotesca, para não esquecer que, no fundo, ainda sou um roqueiro. Abração! Guilherme

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  5. Guilherme,

    obrigado pelo elogio! Olha, ser light é uma decisão tão difícil de ser mantida que te aconselho a pensar bem antes de se arriscar nesse universo, digamos, tosco. A menos que queira sentir no estômago como soa um legítimo death metal gastronômico.

    Abraços.

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  6. Eu já tive ânimo pra encarar umas monstruosidades dessas, principalmente quando morava no interior e ia praquelas indefectíveis festas em cidades vizinhas. Hoje, um pouquinho mais velha, diabética e enjoada... eu passo! Prefiro chegar em casa e sapecar um espaguete alho e óleo!

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  7. Oi, Dudu!!

    Fiquei impressonada com o relato! hahaha

    Aquele dia foi gostoso demais! Realmente, para encarar o Mineirão, tem que ter coragem! O sanduíche junta tamanho com gostosura!

    Beijos!

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  8. Débora (só pode ser você, certo?),

    foi ótimo dormir "acariciado" por aquele monstrengo de proteína e carboidrato!

    Outro dia me contaram que a senhora e seu esposo estava a procura de carícias gastronômicas pela rua. Onde encontraram?

    Beijos.

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  9. Adrina,

    sapecar um espaguete caseiro também me agrada mais, mas às vezes não há ânimo (se é que você me entende) para encarar o fogão de madrugada.

    Sabe que às vezes tenho vontade de comer um sandubão de trêiler no interior por puro saudosismo?

    Abraços.

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  10. Dudu, meu amigo! Por enquanto, esse continua sendo seu melhor texto, para mim. Por isso, tomei a liberdade de confiscá-lo e usá-lo na preparação de alguns materiais para aula, ok?
    Abração!

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  11. Guilherme,

    é uma honra ser elogiado por um professor do seu gabarito! Melhor mesmo é saber que quer um texto meu na sua aula! Puxa, fico lisonjeado! Fique à vontade! Espero que seja útil para seus alunos.

    Abraços.

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